A deputada estadual Michelle Melo fez críticas à situação do sistema prisional do Estado na manhã desta terça-feira, 9, durante sessão ordinária realizada na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). A parlamentar destacou as constantes fugas, o adoecimento dos policiais penais e denúncias de perseguições dentro da categoria.
“Vemos trabalhadores adoecidos, muitos sem esperança, e sabemos de casos de policiais que tiraram a própria vida. Recebemos diariamente denúncias de perseguições, e isso é gravíssimo. Não há satisfação nem entre os policiais, nem entre as famílias de detentos. O sistema está em colapso”, afirmou a deputada.
A deputada relembrou episódios de violência extrema dentro das unidades prisionais, classificando o cenário como “caótico”. Ela questionou se haveria uma “birra” ou descaso deliberado do governo em relação ao setor. “A quem interessa o caos do sistema prisional? A quem interessa policiais penais adoecidos e perseguidos? Não cabe na razão de ninguém que o governo, em sua sã consciência, tenha interesse em fragilizar a segurança pública”, disse.
Michelle também relatou denúncias de que aprovados em concursos estariam sendo ameaçados de não serem empossados caso participem de manifestações da categoria. “Se isso for verdade, é inadmissível. Esses trabalhadores já chegam com medo e sob pressão”, destacou.
Como presidente da Comissão de Direitos Humanos, a deputada disse receber diariamente queixas sobre a falta de efetivo, o que prejudica não apenas os servidores, mas também os próprios detentos. “Visitei seis vezes o sistema prisional e em todas havia guaritas sem policiais porque não há contingente suficiente. Quando um agente sai para levar um detento ao médico, a unidade fica descoberta. Isso é insustentável”, frisou.
Ela também criticou a inauguração de espaços de “relaxamento” para os servidores, afirmando que, na prática, a falta de efetivo inviabiliza o uso. “É bonito inaugurar sala com música e luz, mas quem tem tempo para utilizá-la? Os trabalhadores estão sobrecarregados. Um deles, que perdeu a esperança de viver, já sofria de transtornos mentais sem receber o devido cuidado, mesmo com uma lei sancionada garantindo prioridade à saúde mental dos profissionais de segurança, educação e saúde”, reforçou.
Michelle Melo pediu providências urgentes para reestruturar o sistema e garantir condições dignas aos policiais penais. “Se não cuidamos dos nossos servidores, não podemos dizer que cuidamos da nossa população. Quando o trabalhador pede pelo amor de Deus por melhores condições, é a sociedade inteira que está perdendo”, concluiu.