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Comércio de gado já movimentou quase R$ 3 bilhões no Acre em 2025, mostra levantamento

Um levantamento realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (Faeac), divulgado em boletim técnico, confirma que a bovinocultura segue como o principal motor da economia rural acreana. Segundo estimativa do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em junho de 2025, o Valor Bruto da Produção (VBP) da pecuária no estado alcançou R$ 2,8 bilhões. Desse total, R$ 2,71 bilhões – o equivalente a 96,93% – vieram da bovinocultura, consolidando a atividade como o pilar central do agronegócio local.

A produção é sustentada por 26,3 mil propriedades rurais, que juntas mantêm um rebanho de 4,61 milhões de cabeças de gado, de acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf). Esse sistema se apoia em uma base de 2,4 milhões de hectares de pastagens, conforme dados do MapBiomas.

O desempenho da bovinocultura acreana também se reflete no mercado externo. No primeiro semestre de 2025, as exportações de carnes bovinas (congeladas, frescas ou refrigeradas) somaram 1.124 toneladas, gerando uma receita de US$ 5,05 milhões. O resultado representa um crescimento de 28,2% em volume e 30,8% em valor em relação ao mesmo período de 2024, quando o estado exportou 877 toneladas e arrecadou US$ 3,86 milhões.

O mercado de bovinos vivos apresentou forte aquecimento no mesmo período. As saídas interestaduais saltaram de 90,6 mil cabeças em 2024 para 173,9 mil em 2025 – uma alta de 92%. A movimentação foi composta majoritariamente por machos (85%), com destaque para animais entre 14 e 24 meses, cuja saída cresceu 293% em um ano.

O Amazonas consolidou-se como principal destino, com aquisições que somaram R$ 10,25 milhões em 2025, mais que o dobro do registrado no ano anterior (R$ 3,87 milhões). Mato Grosso (R$ 4,34 milhões), São Paulo (R$ 2,76 milhões) e Minas Gerais (R$ 1,51 milhão) também figuraram entre os maiores compradores, reforçando a diversificação do mercado consumidor.

Entre os municípios acreanos, Rio Branco despontou como o principal polo de expedição, com saídas declaradas de R$ 4,81 milhões em 2025, frente a apenas R$ 160 mil em 2024. Senador Guiomard (de R$ 10 mil para R$ 3,02 milhões), Acrelândia (de R$ 1,72 milhão para R$ 2,78 milhões) e Plácido de Castro (de R$ 0,49 milhão para R$ 2,72 milhões) também registraram avanços significativos.

O segmento de abate e industrialização da carne também apresentou crescimento. No primeiro semestre de 2025, foram abatidas 320,3 mil cabeças sob fiscalização, uma alta de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os frigoríficos sob Serviço de Inspeção Federal (SIF) ampliaram sua participação e responderam por 74% dos abates.

As saídas interestaduais de carne industrializada superaram os números de 2024 na maior parte dos meses. Em maio, por exemplo, a movimentação passou de R$ 25,05 milhões para R$ 42,41 milhões, um aumento de 69%. Em abril, a alta foi de 48,9%.

Na análise por municípios, Rio Branco continua liderando, mas perdeu participação de mercado: de 78% no primeiro semestre de 2024 para 64% em 2025. Senador Guiomard, por outro lado, ampliou sua presença para 35,7%, demonstrando uma reconfiguração no perfil de produção.

Os principais destinos da carne acreana seguem concentrados nas regiões Sudeste e Sul. Minas Gerais lidera as aquisições, com R$ 65 milhões em 2025, seguido por Santa Catarina, que superou R$ 55 milhões. O Espírito Santo registrou a expansão mais expressiva, saindo de um valor quase residual em 2024 (R$ 420 mil) para ocupar a quinta posição entre os maiores compradores este ano.

O Acre mantém um efetivo de 4,61 milhões de cabeças de gado distribuídas por todas as regiões do estado. O Baixo Acre concentra mais da metade do rebanho (51,4%), seguido pelo Alto Acre (19,5%), Purus (14,3%), Tarauacá-Envira (11,5%) e Juruá (3,3%).

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