Brasília, 8 de setembro de 2025 — Mal os fogos do 7 de Setembro se apagaram no céu da capital, e já começou outra queima de fogos — só que desta vez dentro dos bastidores da política. No lugar dos desfiles militares e das bandas marciais, entram em cena ministros, deputados, líderes de bancada e, claro, as inevitáveis articulações de corredor. O enredo? A tentativa do governo de colocar um grande ponto final (ou, pelo menos, uma vírgula bem forte) na polêmica Lei de Anistia.
Durante o desfile da Independência, o coro que ecoou da plateia foi claro como um hino repetido à exaustão: “sem anistia!”. O grito, que mais parecia um refrão de torcida, não foi endereçado a nenhuma seleção, mas ao presidente da Câmara, Hugo Motta, que sentiu na pele que o tema divide não só deputados, mas também a rua.
O tabuleiro de Brasília
Do lado do Planalto, a estratégia é quase de xadrez: o presidente Lula já sinalizou que, se a lei passar, vai jogar a peça mais forte que tem — o veto. E para derrubar esse veto, o Congresso precisaria de maioria qualificada, uma jogada difícil até para jogadores experientes.
Enquanto isso, o líder do governo, José Guimarães, bate na mesa como quem anuncia a jogada: “O que eu puder fazer para impedir, eu vou fazer”. Na outra ponta, a oposição tenta acelerar o tabuleiro com pedidos de urgência, como quem quer pular etapas no jogo e já chegar ao xeque-mate.
O apito do Supremo
Mas o jogo não se limita ao Congresso. No banco de reservas, o Supremo Tribunal Federal está de olho na partida. Ministros já sinalizaram que, mesmo que a proposta passe, há uma grande chance de o placar ser revertido. A razão? Muitos juristas consideram que anistiar crimes como tentativa de abolir o Estado de Direito seria como mudar as regras do campeonato no meio do torneio — simplesmente inconstitucional.
O público na arquibancada
Nas ruas, a cena é outra: a população divide-se entre aplausos e vaias, mas com um refrão que tem ganhado força — “sem anistia”. Para uns, é questão de justiça e memória; para outros, trata-se de pacificação nacional.
E agora?
O jogo está em aberto. O governo move suas peças com veto e articulação. A oposição acelera com urgência e pressão. O STF observa, pronto para soprar o apito final. E o povo, de arquibancada cheia, não deixa de gritar o que pensa.
Se será xeque-mate, empate ou prorrogação, só os próximos capítulos dirão.