quarta-feira, 13 agosto 2025

Maioria dos brasileiros acredita que Lula não fez tudo para evitar tarifaço dos EUA, aponta pesquisa

Por Mirlany Silva, da Folha do Acre

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos-Ipec em agosto revela que mais da metade dos brasileiros acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não esgotou todos os esforços para impedir a imposição das tarifas de 38% aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo governo americano e que entrou em vigor no último dia 6, tem gerado repercussões negativas para o país.

De acordo com o levantamento, 38% dos entrevistados discordam totalmente da ideia de que Lula fez tudo o que podia para evitar o chamado “tarifaço”, enquanto 13% discordam em parte — somando 51% da população que avalia que o presidente poderia ter atuado mais para evitar a medida. Por outro lado, 41% dos participantes acreditam que Lula esgotou seus recursos e esforços, sendo 26% totalmente favoráveis e 15% parcialmente.

A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em 132 municípios entre 1º e 5 de agosto, com nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Desde o anúncio das tarifas, no dia 9 de julho, houve diversas tentativas de negociação para minimizar os impactos. Uma comitiva de senadores brasileiros viajou aos Estados Unidos para dialogar sobre o tema, mas, segundo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), teria enfrentado dificuldades em encontrar interlocução no governo americano.

Além do conflito comercial, a crise diplomática foi aprofundada por outros episódios, como a imposição da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o motim envolvendo deputados e senadores, ambos impulsionados por Eduardo Bolsonaro em apoio ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente responde a uma investigação no STF por tentativa de golpe de Estado.

No início de agosto, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que “ama o povo brasileiro” e que Lula poderia contatá-lo a qualquer momento. Lula respondeu reafirmando sua abertura ao diálogo e ressaltando que estava focado em buscar respostas para as tarifas. No dia da vigência da medida, o presidente brasileiro declarou em entrevista à Reuters que “um presidente não pode ficar se humilhando para outro”, mas garantiu que não hesitará em buscar negociação quando perceber disposição do governo americano.

Além da avaliação sobre o tarifaço, a pesquisa também sondou a opinião pública sobre a possibilidade de Lula disputar um quarto mandato presidencial em 2026. Para 62% dos entrevistados, o presidente não deveria tentar a reeleição, enquanto 36% defendem sua candidatura. Outros 3% não souberam ou preferiram não responder.

Apesar das críticas, Lula registrou uma leve melhora em pesquisas recentes de intenção de voto e tem focado a agenda no lançamento de programas sociais, ações junto à população e reforço do discurso de soberania nacional como resposta ao conflito tarifário.

Com informações do Estadão.

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