terça-feira, 2 setembro 2025

Ex-padre acusado de estupro em Rio Branco é inocentado por falta de provas

Redação Folha do Acre

Após quase dois anos, o ex-padre Fábio Amaro, que atuou em várias paróquias do Acre e foi acusado em 2023 por um jovem de estupro, foi julgado e acabou inocentado das acusações por falta de provas. A decisão é da 2ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Rio Branco e cabe recurso.

Em nota, a advogada Emília Florentino disse que a defesa apresentou declarações por escrito e testemunhos, e que na audiência de instrução e julgamento também ficou claro que não havia provas suficientes para sustentar a acusação.

Conforme o juiz, a materialidade do crime não ficou claramente comprovada. As informações das testemunhas foram superficiais e não há documentos que mostrem de forma clara que a vítima sofreu algum efeito ou consequência do crime, na época ou depois dos fatos.

“No mais, sem desmerecer o especial valor probatório das palavras da vítima, ante a condição de clandestinidade na qual rotineiramente fatos dessa natureza se desenvolvam, tem-se que precise ser corroboradas por outras provas de modo a extirpar qualquer dúvida”, destacou na sentença.

Vítimas eram adolescentes

A vítima relatou que os crimes foram praticados entre 2008 e 2009, quando Fábio era pároco em Rio Branco e teria abusado dele, que tinha entre 15 a 16 anos, e de uma jovem, de 18, que frequentava a igreja e se confessava com ele.

Apesar das duas denúncias, o Fábio Amaro respondeu criminalmente apenas pelo estupro do rapaz.

A vítima descreveu como terrível e dolorosa a absolvição de Fábio. “Não consigo ler isso sem ficar indignado. Estou falando a verdade e isso ficou provado. Mas, por que optar pela impunidade?”, lamentou.

Indignação

O jovem que fez a denúncia contra o ex-padre disse que ficou surpreso com a decisão. Ele afirmou que vai recorrer da sentença e que existem provas que podem levar à condenação de Fábio Amaro.

“Receber essa sentença é muito triste. Não sou alguém ausente da igreja, cresci e vivi dentro dela, mas meu amor por essa instituição não está acima do amor pela vida, dignidade e pela vida. Contei minha história, revivi minhas feridas e sempre acreditei na verdade. Achei que minha verdade bastaria, mas a Justiça fechou os olhos”, reclamou.

Ainda segundo o rapaz, a defesa dele vai entrar com recurso contra a decisão para que nenhuma outra vítima seja silenciada. “Canonizam o silêncio, institucionalizam o abuso, mas eu sigo vivo. Ferido, mas não calado. Às vítimas que ainda sofrem em silêncio, vocês não estão sozinhas. Denunciem, a vergonha não é nossa, é deles”, finalizou.

Diocese soube de abusos e exigiu renúncia

A Diocese de Rio Branco disse, na época das denúncias, que assim que teve conhecimento das denúncias contra o padre pediu o afastamento dele. O bispo Dom Joaquín Pertiñez explicou que, ao saber dos casos, confrontou o padre, que confirmou os crimes, e então o suspeito foi avisado de que teria que renunciar ou seria excomungado.

Fonte: G1/AC

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