quinta-feira, 7 agosto 2025

Bocalom decreta situação de emergência em Rio Branco pela seca do Rio Acre, fato inédito na capital

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

Na manhã desta quarta-feira (6), o prefeito Tião Bocalom (PL) assinou o decreto que coloca Rio Branco em situação de emergência devido à seca do Rio Acre. É a primeira vez na história da capital acreana que a medida é adotada especificamente por seca. Nas ocasiões anteriores, decretos semelhantes foram emitidos apenas por estiagem.

Durante a solenidade, realizada na sede da prefeitura, Bocalom afirmou que a decisão tem caráter preventivo e foi tomada com base em dados técnicos apresentados por diversos órgãos municipais.

“Vocês que estão aqui para prestigiarem a assinatura desse decreto, eu não gostaria de estar assinando esse decreto. Quem gostaria? Ninguém de nós, né? Mas o poder público tem que fazer esse tipo de coisa, não tem jeito. Nós temos que nos antecipar aos problemas, a gente tem certeza que virão”, declarou.

Segundo o prefeito, a baixa no nível do rio preocupa, principalmente pela possibilidade de dificultar a captação de água. “Não é que vai faltar água para a cidade, não, porque para o rio desse chegar a zero, acho que nesse momento não tem possibilidade. Mas fica muito difícil a captação. Vamos ter que fazer uma intervenção ali no fundo do rio para poder captar a água, senão a gente vai ficar sem água”, afirmou.

O comandante da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel George Falcão, explicou que o decreto terá validade de 180 dias e é resultado de pelo menos 20 dias de levantamento de dados e análise da situação. Ele destacou que a cota de alerta mínima do Rio Acre foi atingida já em 19 de junho, reflexo da ausência de chuvas nos meses de maio, junho e julho — condição que, segundo as previsões, deve permanecer em agosto, setembro e outubro.

“Os elementos que nós temos de prolongamento de estiagem já ultrapassaram o seu último grau e entramos na questão de seca. Monitoramos diariamente a ausência de chuvas, a qualidade do ar, a umidade relativa e todos os níveis de mananciais, além da captação de água feita pelo Saerb. Já temos prejuízos enormes e iniciamos ações emergenciais desde 7 de julho, como o abastecimento por caminhões-pipa na zona rural”, disse.

Falcão informou que o decreto elenca 72 comunidades rurais e praticamente todos os bairros da capital como áreas de atenção. Com a medida, a prefeitura poderá solicitar o reconhecimento da situação ao governo federal e buscar apoio de ministérios, como o do Desenvolvimento Regional e o do Desenvolvimento e Assistência Social, para ações emergenciais, incluindo ajuda humanitária e distribuição de cestas básicas a produtores rurais afetados.

Bocalom também destacou que a gestão vem atuando para minimizar outros problemas ambientais, como a ocorrência de queimadas. Ele disse que prefere investir em ações educativas antes de aplicar sanções. “Eu vi o prefeito de Cuiabá dizendo que já ia sair multando todo mundo. Eu entendo que, primeiro, antes da multa, é a educação, o acordo, é chamar para a responsabilidade. Agora, vai chegar um certo momento que, de repente, só a educação parece que não dá certo, aí tem que punir. Mas a punição vai ser a última cartada nossa”, afirmou.

O prefeito encerrou a solenidade elogiando o trabalho integrado das secretarias e da Defesa Civil. “Defesa Civil não é uma secretaria. Defesa Civil são todas as secretarias, toda a gestão. Todo mundo, seja na educação, na saúde, no meio ambiente, na agricultura, na infraestrutura. Todo mundo aqui é Defesa Civil”, concluiu.

 

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