Entre bolsonaristas, o discurso é de perseguição. Os aliados do ex-presidente falam que a prisão de Bolsonaro é um “absurdo jurídico”. Agora, os bolsonaristas vão usar a prisão para pressionar Davi Alcolumbre a pautar projetos contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
No Senado, há um projeto que limita decisões monocráticas e os parlamentares ainda buscam assinaturas suficientes para pautar o projeto que pede o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
A decisão final, no entanto, é do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Aliados dele afirmam que a conversa com bolsonaristas ainda deve acontecer nesta terça-feira (5), mas não acreditam que a pressão seja suficiente para que Alcolumbre paute os projetos.
Entre governistas, o tom é de comemoração, principalmente nas redes. Mas no Planalto, a ordem é o silêncio. Ministros do governo não se pronunciaram sobre o assunto e não devem fazer isso, ao menos por ora.
A avaliação de interlocutores de Lula é que Bolsonaro é assunto da justiça e o governo não pode querer transformar isso em um tema da gestão. Um assessor palaciano disse que “não é bom misturar as coisas”.
O governo teme, no entanto, que a prisão do ex-presidente afete negativamente as negociações sobre o tarifaço. Apesar de as conversas serem apenas no âmbito comercial e econômico, o governo sabe que Donald Trump tem colocado a situação de Bolsonaro como um dos argumentos para aplicar as tarifas de 50% aos produtos brasileiros.
Diplomatas reforçam que os Estados Unidos precisam entender que o Brasil é um país soberano e que, aqui, a independência judicial vale tanto quanto na democracia norte-americana.
Um monitoramento feito nas redes pela Quaest aponta que, às 21h dessa segunda-feira (4), já tinham sido mais de um milhão de menções à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. A repercussão foi marcada por forte polarização e com certo equilíbrio. De um lado, 53% das menções foram favoráveis à prisão, de outro, 47% se posicionaram contra.
CNN Brasil