O Acre, apesar de sua pequena participação no cenário cervejeiro brasileiro, apresenta dados relevantes no Anuário da Cerveja 2025, levantamento oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que traz dados sobre o registro e produção de cervejas no país no ano de 2024.
O estado conta com apenas 2 cervejarias registradas, número que se manteve estável em relação a 2023, o que corresponde a um crescimento relativo de 50% considerando sua base reduzida. Essas cervejarias estão localizadas exclusivamente na capital, Rio Branco.
Em relação à densidade cervejeira, o Acre ocupa a 18ª posição no Brasil, com uma média de 440.316 habitantes por cervejaria — índice inferior ao registrado nas regiões mais desenvolvidas do país, mas que mostra potencial para expansão.
Quanto à variedade de produtos, o Acre conta com 14 marcas de cerveja registradas, representando 7% das marcas locais e cerca de 7,5% do total nacional. Isso está abaixo da média brasileira, onde cada estabelecimento possui em média 22,2 registros de produtos.
No aspecto econômico e de emprego, o setor cervejeiro no Acre emprega diretamente 10 pessoas, correspondendo a 0,11% dos empregos no país no segmento. O estoque de empregos teve uma queda de 2,17%, mas o Acre foi um dos estados que registrou um dos maiores aumentos percentuais no setor de bebidas alcoólicas, com alta de 11,11% no estoque total de empregos, um sinal promissor para o crescimento futuro.
Panorama nacional do setor cervejeiro
O Brasil fechou 2024 com 1.949 cervejarias registradas, um crescimento de 5,5%, ou seja, 102 novos estabelecimentos em relação a 2023. Em números absolutos, este é o 9º maior aumento desde que o acompanhamento foi iniciado. São Paulo lidera com 427 cervejarias, seguido por estados das regiões Sul e Sudeste.
A região Norte tem 45 cervejarias registradas, representando apenas 2,3% do total nacional, e é a única região do país que não ultrapassou a marca de 1 bilhão de litros produzidos, registrando apenas 221,3 milhões de litros, o que corresponde a 1,4% da produção nacional.
O volume total de produção declarado no país chegou a 15,3 bilhões de litros, mostrando uma leve queda de 0,11% em relação a 2023, quando foram produzidos 15,36 bilhões de litros. Vale destacar que uma parcela muito pequena das cervejarias concentra a maior parte da produção: apenas 1% dos estabelecimentos produzem quase 50% da cerveja nacional, e 5% das cervejarias respondem por quase 99% da produção.
Exportações em alta, mas com queda no preço médio
As exportações de cerveja brasileira atingiram recordes em 2024, com um volume de 332,5 milhões de litros exportados, um crescimento de 43,4%. O faturamento chegou a US$ 204 milhões, alta de 31,1% sobre o ano anterior. Porém, o preço médio por litro caiu cerca de 9%, de US$ 0,67 para US$ 0,61, o que pode indicar maior competição ou mudanças na composição do mercado externo.
O Paraguai segue sendo o principal destino da cerveja brasileira, absorvendo 66,5% das exportações, com aumento de 59,4% no volume adquirido, passando de 138 milhões para 221 milhões de litros. Os principais compradores também incluem Bolívia, Uruguai, Chile, Cuba, Argentina, Venezuela, Estados Unidos e Panamá, todos localizados no continente americano.
Importações voltam a crescer após cinco anos de queda
Depois de cinco anos consecutivos de queda, as importações de cerveja cresceram em 2024, com aumento de 5,1% no volume (7,49 milhões de litros) e de 7,7% no valor (US$ 9,25 milhões). Esse movimento indica uma retomada do interesse por cervejas estrangeiras no mercado nacional.
Estilos e variedades: destaque para as cervejas sem álcool e com teor reduzido
Entre os tipos de cerveja produzidos no Brasil, a cerveja puro malte (100% malte) teve uma queda de 15,5% na produção, totalizando cerca de 3,78 bilhões de litros, o que representa 24,7% da produção nacional.
As cervejas sem álcool tiveram crescimento surpreendente de 536,9%, passando de 118,9 milhões de litros em 2023 para 757,4 milhões em 2024, equivalente a 4,9% do total produzido. Já as cervejas com teor alcoólico reduzido cresceram 40,3%, totalizando 66,6 milhões de litros.
Quanto aos estilos, as cervejas Lager Leve Clara lideram com 58,3% da produção nacional, seguidas por Pilsener (32,4%) e outras lagers (8,5%), que somam 99,2% da produção.
Crescimento no emprego do setor de bebidas
O setor de bebidas no Brasil gerou mais de 140 mil empregos diretos em 2024, aumento de 5,14% em relação a 2023. A categoria de bebidas alcoólicas cresceu 1,48%, com 60.581 empregos diretos, dos quais o segmento cervejeiro representa 71,17%.
Na região Norte, foram registrados 1.553 empregos diretos no setor, com crescimento de 2,58% — um dado positivo para a região, que segue em processo de expansão.
Este panorama revela um setor cervejeiro brasileiro em crescimento, tanto em quantidade de estabelecimentos quanto em volume exportado e emprego, ainda que com desafios em termos de produção concentrada e valorização do produto no exterior.
O Acre, embora pequeno, demonstra potencial de desenvolvimento com estabilidade no número de cervejarias e aumento percentual em empregos no segmento, reforçando sua presença na cena regional e nacional.