Aiache, parlamentar de Rio Branco, chama prática tradicional de pesca de “predatória” e afirma que atividade prejudica comunidades no Acre
Uma fala do vereador de Rio Branco (AC), Aiache, causou polêmica, hoje, sexta-feira (4), ao acusar a pesca realizada em Boca do Acre (AM) de ser “predatória” e de causar prejuízos aos ribeirinhos acreanos que dependem do pescado nos rios Acre e Purus. A declaração ocorreu durante o início da piracema do Mandim e do Surubim — fenômeno que movimenta pescadores e abastece os mercados regionais.
Segundo o vereador, enquanto órgãos ambientais se concentram em fiscalizar pequenos produtores, a pesca em Boca do Acre segue livre de fiscalização. “O rio Acre está tapado de redes, e isso acarreta que os ribeirinhos ficam sem pesca. E Sena Madureira também não sobe, porque a pesca predatória em Boca do Acre não deixa esses peixes se reproduzirem”, afirmou Aiache.
A piracema do Mandim, do Surubim e de outras espécies é considerada um evento natural e culturalmente significativo para a economia local — e, até hoje, não foi considerada predatória por nenhum órgão de fiscalização ambiental, como o Ibama ou o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM).
Peixe do Amazonas alimenta o Acre
O município de Boca do Acre é também responsável por parte expressiva do abastecimento de peixe nos mercados do Acre. Diariamente, dezenas de geleiras saem da cidade levando toneladas de pescado fresco para feiras livres e supermercados de Rio Branco, Sena Madureira e demais localidades acreanas.
“Essa crítica ignora o que é tradição e o que é sustento de milhares de famílias”, comentou um comerciante de pescado da região. “A pesca é feita com autorização e dentro dos períodos permitidos. É a fonte de renda de muita gente honesta que trabalha dia e noite para alimentar dois estados.”
A Prefeitura de Boca do Acre e a Colônia de Pescadores ainda não emitiram nota oficial, mas a repercussão deve pressionar lideranças políticas locais a se manifestarem em defesa da atividade pesqueira da região.