O Brasil entra na semana decisiva para tentar reverter a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros. Nesse domingo (27), o líder americano descartou qualquer possibilidade de acordo ou adiamento do tarifaço, previsto para começar na sexta-feira, primeiro de agosto.
De acordo com integrantes do governo brasileiro, até agora não houve negativa e nem sinalização positiva por parte da Casa Branca.
Uma comitiva formada por 8 senadores brasileiros de diferentes partidos chegou aos Estados Unidos neste fim de semana para tentar abrir um canal de negociação.
Integram a missão os senadores:
Nelsinho Trad, do PSD de Mato Grosso do Sul;
Tereza Cristina, do PP de Mato Grosso do Sul;
Jaques Wagner, do PT da Bahia;
Marcos Pontes, do PL de São Paulo;
Rogério Carvalho, do PT de Sergipe;
Carlos Viana, do Podemos de Minas Gerais;
Fernando Farias, do MDB de Alagoas;
e Esperidião Amim, do PP de Santa Catarina.
Na manhã desta segunda-feira (28), o grupo se reúne com a embaixadora Maria Luiza Viotti e diplomatas brasileiros.
À tarde, os senadores vão conversar com integrantes da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Também estão previstas conversas com parlamentares americanos e representantes da sociedade civil.
Entre outros encontros, eles farão bastante sobre o impacto que seria nas exportações de produtos brasileiros. Os maiores exportadores para os Estados Unidos são do Centro-Sul do País, com destaque para São Paulo, responsável por 33,1% das exportações em 2025. Além do impacto para o estado paulista, o Ceará, por exemplo, pode ter 44,9% das exportações atingidas em razão da importância dos pescados e crustáceos para os Estados Unidos.
A comitiva de senadores pretende mostrar os números para os representantes americanos, tanto do governo, quanto do Congresso, e também para empresários. A intenção é buscar um diálogo e defender os setores produtivos nacionais. Os compromissos incluem reuniões, na segunda-feira, com empresários norte-americanos, na terça-feira com parlamentares e na quarta com representantes da sociedade civil.
Em meio à tensão, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou nesse domingo (27) em Nova York para um encontro na ONU sobre a situação da Palestina. Mas o chanceler avisou que poderá ir à capital americana discutir uma saída se o governo americano demonstrar interesse em dialogar.
EUA tem superávit em comércio com Brasil, mas país pode sofrer maior sanção
No caso do Brasil, que não tem superávit com os Estados Unidos, o presidente Donald Trump tem usado o tarifaço como chantagem. Entre os motivos alegados pelo republicano está a ação penal em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é um dos réus por tentativa de golpe de Estado.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o assessor de política externa do presidente Lula, Celso Amorim, disse que ‘nem a União Soviética teria feito algo assim’.
Em nota divulgada na noite desse domingo (27), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, reiterou que o governo brasileiro vem buscando negociação com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica.
Nos Estados Unidos, um dos articuladores das sanções contra o Brasil é o deputado Eduardo Bolsonaro.
Nesse domingo (27), ele criticou os governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho, Jr., do Paraná, por defenderem negociação sobre o tarifaço, sem citar a possibilidade de anistia.
CBN