A política externa do Brasil vive hoje um dos seus momentos mais preocupantes desde a redemocratização. Sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, o país vem se distanciando de seus aliados tradicionais, perdendo espaço nos fóruns multilaterais e, mais grave ainda, manchando sua imagem internacional ao se alinhar abertamente com regimes autoritários.
Durante sua campanha, Lula prometeu resgatar o prestígio internacional do Brasil. Contudo, o que se vê é justamente o oposto: uma diplomacia ideológica, seletiva e incoerente, que troca o diálogo com democracias sólidas pelo afago a ditadores e governos de histórico duvidoso.
Na recente cúpula do G7, a ausência de Lula foi notada. Ao mesmo tempo, o presidente brasileiro fazia questão de marcar presença ao lado de Nicolás Maduro, de Daniel Ortega e até elogiar a “democracia” de Cuba — um dos regimes mais fechados e repressivos do mundo. Qual a lógica disso? O que o Brasil ganha em prestigiar nações que sufocam a liberdade de imprensa, perseguem opositores e censuram o povo?
A resposta é clara: a diplomacia lulista não busca alianças por valores, mas por afinidades ideológicas. Em nome de um antiamericanismo ultrapassado, o Brasil fecha os olhos para violações de direitos humanos e silencia diante de crises que exigiriam coragem moral. Em vez de liderar a América Latina como voz do equilíbrio e da democracia, o Brasil de Lula se esconde atrás de discursos ambíguos e posicionamentos constrangedores.
Internacionalmente, o Brasil já sente as consequências dessa postura. A desconfiança de investidores, o enfraquecimento de acordos comerciais, o atraso na entrada da OCDE e a perda de protagonismo em discussões globais são sinais de que o mundo começa a tratar o Brasil com reserva e cautela.
Mas há um ponto ainda mais grave: como pode um presidente que se diz defensor da democracia se omitir diante de ditaduras e agir com hostilidade contra instituições democráticas internas? A contradição salta aos olhos. Lula fala em diálogo, mas ataca a imprensa livre. Clama por justiça social, mas se alia a regimes que torturam e matam opositores. Cobra respeito internacional, mas desrespeita aliados históricos.
O Brasil não pode ser governado por ressentimentos ou utopias ideológicas. O povo brasileiro merece uma política externa madura, estratégica e pautada por princípios universais de liberdade, transparência e respeito à dignidade humana.
A história cobrará caro por esse isolamento progressivo que Lula impõe ao Brasil.
Enquanto o mundo avança, o Brasil regride. Enquanto nações democráticas constroem pontes, Lula ergue muros.
E a pergunta que ecoa neste momento é inevitável:
Quem realmente se beneficia com o isolamento internacional do Brasil? Porque o povo, certamente, não.
Adriano Gonçalves é colunista internacional da Folha do Acre e escreve sobre geopolítica, religião e cultura global