domingo, 27 julho 2025

‘O Acre precisa conciliar proteção ambiental e desenvolvimento’, defende Aldo Rebelo em discurso na Aleac

Por Mirlany Silva, da Folha do Acre

Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira, 25, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o ex-ministro Aldo Rebelo defendeu a importância estratégica da Amazônia e do Acre para o futuro do Brasil e do mundo. Com um discurso firme, Rebelo abordou questões históricas, geopolíticas e estruturais da região, reforçando a necessidade de conciliar a proteção ambiental com o desenvolvimento econômico.

Ao relembrar o papel do engenheiro Euclides da Cunha, responsável pela demarcação da fronteira entre o Brasil e o Peru, na região de Santa Rosa do Purus, Rebelo destacou a visão daquele que considerava os rios amazônicos como “rodovias naturais”, mas que também defendia, ainda em 1907, a construção de ferrovias interligando os principais cursos d’água da região. Segundo o ex-ministro, a proposta de Euclides previa inclusive uma ferrovia entre o antigo Porto Acre e Cruzeiro do Sul, no interior do estado, batizada por ele de Transacreana.

“Ele dizia que os índios já faziam essas rotas, os chamados Pé-Abirús, interligando rios e caminhos. O Brasil deveria ter investido nisso há mais de um século”, comentou Rebelo.

Aldo Rebelo também chamou atenção para a importância da Amazônia no contexto internacional/Foto: Folha do Acre

Durante a coletiva, o ex-ministro também fez duras críticas ao abandono da infraestrutura da Amazônia e ressaltou que os recursos para investir na região já existem, citando as riquezas minerais, hídricas e biológicas como fontes potenciais de financiamento. “Use isso e você terá um choque de desenvolvimento na Amazônia e no Acre”, afirmou.

Aldo Rebelo também chamou atenção para a importância da Amazônia no contexto internacional, especialmente às vésperas da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro no Brasil, com foco na região amazônica. Segundo ele, além da pauta ambiental, o encontro reflete os grandes interesses globais em torno da segurança alimentar e energética — desafios que, segundo o ex-ministro, só podem ser enfrentados com a presença ativa da Amazônia na geopolítica mundial.

“O Acre ocupa um lugar estratégico. É a fronteira mais avançada do Brasil rumo ao Pacífico, à Ásia, à nova rota do desenvolvimento global”, pontuou, reforçando que o Estado, assim como toda a região, não pode ser “congelado” sob o argumento da preservação ambiental.

Aldo Rebelo conversou com a imprensa durante coletiva na Aleac/Foto: Folha do Acre

Rebelo alertou que há uma visão distorcida sobre a Amazônia, que a coloca como uma área intocável e que ignora os impactos da pobreza. “A falta de saúde, de saneamento, de estradas, de hospitais e de ferrovias também são ameaças”, disse. Ele defendeu que o Brasil tem capacidade de conciliar proteção ambiental com desenvolvimento, sem sacrificar um em nome do outro.

“Nosso esforço deve ser esse: proteger o meio ambiente e garantir o direito ao desenvolvimento. Só que, na Amazônia, o desenvolvimento está bloqueado”, concluiu.

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