sexta-feira, 4 julho 2025

Morte de enfermeira em UPA no Acre expõe suposto histórico de violência doméstica

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

A morte da enfermeira Jonnavila Mendes, de 32 anos, na noite do último domingo (29), em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Branco, revelou indícios de violência doméstica e controle psicológico. O principal suspeito é o companheiro da vítima, que foi preso em flagrante após ameaçar uma parente de Jonnavila. A Polícia Civil investiga o caso como possível feminicídio.

De acordo com relatos de uma familiar em entrevista ao jornal A Gazeta do Acre, que pediu para não ser identificada, a vítima vinha sendo agredida há pelo menos oito meses. Segundo ela, Jonnavila apresentava marcas de violência, mas escondia a situação, justificando os hematomas com quedas e acidentes domésticos. Nos últimos meses, a enfermeira teria sido afastada do convívio com a família, perdeu o controle do próprio celular e era impedida de sair de casa ou frequentar a academia.

A vítima teria recorrido a conversas por redes sociais durante a madrugada para manter algum contato com pessoas próximas. Amigas relataram à família que Jonnavila confidenciava o medo e as agressões, mas enfrentava dificuldades para se desvincular do relacionamento por dependência financeira e controle emocional.

No dia da morte, o suspeito levou a vítima à UPA alegando que ela sentia dores e dificuldades para respirar. Em seguida, fugiu com o celular e o carro da enfermeira. Os objetos foram recuperados com apoio da Polícia Militar, mas as mensagens já haviam sido apagadas. Horas depois, o homem retornou à UPA, ameaçou parentes e foi preso em flagrante após invadir a casa da mãe de uma das testemunhas. Ele estava armado com um canivete e acompanhado de dois irmãos, que também portavam armas brancas. A prisão preventiva foi decretada na terça-feira (1).

O laudo cadavérico do Instituto Médico Legal (IML) apontou hematomas e marcas de perfuração no corpo de Jonnavila. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) conduz a investigação para esclarecer a causa da morte e as circunstâncias do crime. A família da vítima recebeu medidas protetivas após registrar ameaças.

A amiga ainda enviou prints aos familiares

Amigas de Jonnavila compartilharam prints de conversas que reforçam o relato de agressões e controle. Segundo os depoimentos, o suspeito monitorava os passos da vítima, restringia contatos com familiares e fazia constantes intimidações.

Segundo os depoimentos, o suspeito monitorava os passos da vítima

Abalada, a família afirma que busca justiça e reforça o apelo para que casos de violência doméstica sejam denunciados. O caso segue em investigação.

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