quarta-feira, 2 julho 2025

Maracatu é apresentado a estudantes da zona rural de Rio Branco em ação cultural organizado por grupo cultural

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

No último sábado (28), alunos e moradores da comunidade do km 07 da Transacreana, no ramal Caipora, na zona rural de Rio Branco, tiveram a oportunidade de conhecer de perto os instrumentos e tradições do maracatu, manifestação cultural brasileira de raízes afrodescendentes. A ação ocorreu na Escola Estadual Nova Esperança, como parte do projeto Tambor que Une, realizado pelo grupo Maracatu Pé Rachado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura.

O maracatu é um cortejo tradicional, originário de Pernambuco, que reúne música, dança e canto, preservando elementos das antigas coroações de reis do Congo, trazidas por africanos escravizados. Caracteriza-se pelo som marcante das alfaias — tambores grandes de couro —, do gonguê, agbê, timbal e caixa, além das danças e loas (cantos) que narram aspectos da história e da resistência cultural.

A apresentação reuniu alunos, professores e famílias da comunidade escolar. Segundo Kétila Flor, representante do grupo, a ação despertou curiosidade e gerou diálogo entre público e artistas.

“Antes da apresentação, estava todo mundo bem curiosos. Eu acho que os instrumentos eram desconhecidos para a grande maioria, e eles estavam bem curiosos, vendo a gente passar com os instrumentos. Eles estavam dentro da sala de aula quando a gente chegou na escola, mas dava para ver a curiosidade. Quando a gente passava pelo corredor, pela porta das salas. E depois da apresentação, eles fizeram várias perguntas, assim, bem interessantes, sobre qual cultura o maracatu representa, como são feitos os instrumentos. Aí fizeram perguntas sobre o som de instrumentos específicos, como o timbal. Perguntaram do que a alfaia, que é o tambor, é feita. Perguntaram do que o abé, que é o instrumento feito de cabaça, né? Como ele é feito. E ficou todo mundo bem empolgado com a apresentação. Eu não vi nenhuma das pessoas que estavam ali, da comunidade, daquela escola, que não tenha sido receptiva à nossa presença.”

A Escola Nova Esperança foi escolhida em razão do interesse demonstrado pela gestão escolar, que viabilizou a atividade em um sábado letivo, facilitando a logística do grupo. A iniciativa também evidencia o papel dos editais de incentivo à cultura para viabilizar ações em locais de difícil acesso.

“A gente tem pretensão, inclusive, de futuramente conseguir incentivo para realizar oficinas, inclusive na escola por onde a gente passou. Claro que isso são planos futuros, porque é isso, a gente depende de conseguir incentivo financeiro dos editais de cultura, que inclusive é importante — eu acho que é importante a gente ressaltar a importância desses editais de incentivo à cultura — porque foi só com a presença do edital e o projeto tendo sido contemplado que a gente teve essa possibilidade de levar o maracatu para uma escola de zona rural, por conta da logística, principalmente. É um lugar que não é de fácil acesso, a gente tem muitos instrumentos grandes, pesados para transportar, então sempre que possível a nossa intenção é cada vez ir mais distante, levar o maracatu para mais lugares, lugares diferentes, lugares de difícil acesso aqui do nosso estado, da nossa cidade, mas para isso a gente precisa do incentivo financeiro.”

O Tambor que Une é um dos projetos contemplados pelo edital 06/2024 da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour, com recursos da Lei Aldir Blanc, voltada a apoiar manifestações culturais em todas as regiões do país. Para o grupo, iniciativas como esta contribuem para fortalecer a preservação de expressões populares brasileiras, aproximando crianças e jovens de suas referências culturais.

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