terça-feira, 29 julho 2025

Influenciadora entra em coletiva de Zezé Di Camargo & Luciano com noivo sem credencial, enquanto imprensa é barrada sob chuva

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

O que se viu na noite desta segunda-feira (28), durante a cobertura da terceira noite da Expoacre 2025, foi um retrato do desrespeito institucionalizado à liberdade de imprensa no Acre. Jornalistas previamente credenciados foram barrados sob forte chuva ao tentar acessar a coletiva da dupla Zezé Di Camargo & Luciano, mesmo com o recebimento antecipado de um release oficial da Secretaria de Comunicação do Estado (Secom), que informava horário, local e regras claras para o atendimento aos veículos.

No entanto, ao chegarem ao espaço reservado nos bastidores, os profissionais de imprensa deram de cara com portões fechados, ausência total de coordenação e uma série de justificativas desencontradas. A cena foi descrita por muitos como humilhante. Enquanto repórteres buscavam explicações, o que se viu foi o velho jogo de empurra — e uma seletividade vergonhosa.

Em meio ao impasse, chamou atenção a presença da influenciadora acreana Juh Vellegas, que entrou livremente no camarim acompanhada do noivo, Dilermando Novais. Ele, sem qualquer credencial ou vínculo com a comunicação, teve acesso garantido, o que escancarou um favorecimento inaceitável e deu à noite um tom de deboche com os profissionais da imprensa tradicional.

Juh Vellegas entrou livremente no camarim acompanhada do noivo, Dilermando Novais, ambos não são jornalistas/Foto: Reprodução

Questionado sobre os critérios de acesso, o assessor da dupla sertaneja responsabilizou a própria Secom, afirmando que a comunicação do governo não teria repassado os procedimentos corretos. Em tom ríspido, deixou claro que apenas a equipe de comunicação oficial e representantes das afiliadas da TV Globo e do SBT teriam acesso à coletiva — decisão que, à luz do ocorrido, parece ter sido seletiva e arbitrária.

A secretária de Comunicação, Nayara Lessa, chegou ao local após o tumulto e afirmou à imprensa que também teria sido barrada. A declaração, no entanto, levantou suspeitas: ainda que verídica, é sintomática da desorganização generalizada; caso falsa, configura uma tentativa de blindagem diante da clara quebra de isonomia. Não há confirmação de que a secretária, que é justamente a responsável por coordenar a cobertura oficial do evento, de fato tenha sido impedida de entrar.

Veículos como o portal ContilNet tiveram acesso irrestrito, enquanto diversos outros jornalistas, produtores e fotógrafos ficaram literalmente do lado de fora, à mercê da chuva e do improviso.

 

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