Durante esta semana, uma série de denúncias anônimas publicadas no perfil Spotted Ufac, no Instagram, reacenderam a preocupação de estudantes com a segurança alimentar no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal do Acre (Ufac). De acordo com os relatos, diversos alunos teriam apresentado sintomas de intoxicação alimentar após realizarem refeições no local, como febre, enjoo, vômitos e fortes dores abdominais.
Os relatos começaram a ser publicados de forma anônima no perfil, conhecido por receber denúncias e desabafos da comunidade acadêmica. Em uma das mensagens, um estudante afirma que precisou ser hospitalizado após consumir alimentos no RU.
“Gostaria de relatar que esses dias tive uma intoxicação alimentar e fui parar no hospital. Outras pessoas que também costumam comer no RU tiveram sintomas parecidos, só que mais leves. Claro que podem haver outras causas, mas é importante lembrar que o RU tem o dever de manter a higiene. Esses dias mesmo, no café da manhã, estavam servindo iogurte vencido, algo que não pode ocorrer”, escreveu.
Outros comentários indicam que o problema pode ter atingido alunos de diferentes cursos. Uma estudante relatou: “Almocei e jantei no RU na quinta. Na sexta de manhã comecei com um enjoo, seguido de febre e muita ânsia de vômito. No sábado de manhã fui pra UPA morrendo de dor de estômago e, nos exames, saiu que era intoxicação alimentar. Agora tô tendo que tomar trocentas medicações. Ainda não me recuperei e o medo de comer no RU de novo tá grande.”
Em outro comentário, um aluno disse que teve sintomas semelhantes e que soube de mais sete colegas que também passaram mal após comer no restaurante. “Tô tendo que tomar coquetel de remédio”, escreveu.
Além das queixas relacionadas à saúde, um dos relatos chamou atenção pela gravidade: um estudante afirma que um grampo teria sido encontrado em uma das refeições servidas no RU, algo que gerou revolta entre os seguidores da página. A veracidade da imagem ou da acusação não foi confirmada até o momento.
Os estudantes cobram uma apuração imediata dos fatos, alegando que o RU tem papel fundamental na permanência estudantil, sobretudo para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica. “A alimentação no RU é a única opção para muitos. A gente espera que, no mínimo, seja uma comida segura”, comentou um estudante do curso de Ciências Sociais que preferiu não se identificar.
O restaurante universitário da Ufac funciona atualmente com oferta de café da manhã, almoço e jantar para estudantes, servidores e terceirizados, com preço subsidiado. A empresa responsável pela alimentação é contratada por licitação pública e deve seguir normas sanitárias rigorosas estabelecidas pela Anvisa.
Procurada pela reportagem da Folha do Acre, a UFAC afirmou por meio de nota que apura relatos de mal-estar gastrointestinal entre estudantes que frequentam o Restaurante Universitário (RU) da instituição. Segundo nota divulgada pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes), assim que os primeiros relatos chegaram ao conhecimento da universidade, a administração do RU adotou medidas de rotina para verificação da qualidade dos alimentos. Amostras das refeições servidas foram encaminhadas ao laboratório especializado para análise, a fim de identificar eventuais falhas sanitárias ou contaminações.
Paralelamente, a instituição informou que uma inspeção sanitária já havia sido realizada no restaurante no dia 14 de junho de 2025, conforme previsto na Ordem de Serviço nº 81, de 13 de junho do mesmo ano. A vistoria resultou no Laudo de Inspeção nº 2341/2025, que apontou exigências quanto à formalização da responsabilidade técnica do serviço, à capacitação da equipe de manipulação de alimentos e à apresentação de laudos laboratoriais.
De acordo com a Proaes, todas as exigências foram cumpridas dentro do prazo e a documentação foi analisada pelos técnicos responsáveis. O relatório final da vigilância sanitária concluiu que o Restaurante Universitário atende às normas das Boas Práticas de Manipulação de Alimentos, previstas nas resoluções da Anvisa RDC nº 216/2004 e RDC nº 275/2002. A inspeção não identificou irregularidades nos processos de higienização, armazenamento ou manipulação dos alimentos, tampouco na conduta da equipe ou nas condições físicas do ambiente.
Diante da conformidade sanitária, o setor técnico responsável arquivou o processo de fiscalização. Ainda assim, a universidade reforça que acompanha com atenção os relatos e está tomando todas as providências cabíveis para garantir a segurança alimentar dos estudantes.
Leia a nota na íntegra:
Nota da Proaes sobre relatos de mal-estar entre estudantes e inspeção sanitária no Restaurante Universitário
A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes) da Universidade Federal do Acre (UFAC) lamenta os relatos de mal-estar, com sintomas como diarreia, registrados entre alguns estudantes na semana passada e no último final de semana, possivelmente relacionados ao consumo de refeições no Restaurante Universitário (RU).
Desde o primeiro momento, a administração do RU, em conjunto com a equipe técnica responsável pelo controle de qualidade, adotou todas as medidas de praxe para averiguar a situação. Como procedimento padrão, são recolhidas diariamente amostras das refeições servidas, que foram devidamente encaminhadas ao laboratório de análise de alimentos, a fim de verificar a qualidade e a segurança dos insumos utilizados.
Paralelamente, informamos que, em cumprimento à Ordem de Serviço nº 81, de 13 de junho de 2025, foi realizada inspeção sanitária no Restaurante Universitário no dia 14 de junho de 2025, conforme registrado no Laudo de Inspeção nº 2341/2025. A vistoria resultou na emissão de exigências relacionadas à formalização da responsabilidade técnica, à capacitação dos manipuladores de alimentos e à apresentação de laudo de análise de alimentos.
A instituição atendeu integralmente às exigências dentro do prazo estabelecido, apresentando documentação comprobatória que foi devidamente analisada pelo setor técnico competente. O relatório final apontou que o RU segue os princípios das Boas Práticas de Manipulação de Alimentos, conforme previsto na Resolução RDC nº 216/2004 e na RDC nº 275/2002. Além disso, não foram observadas irregularidades in loco quanto aos procedimentos de manipulação, higienização, armazenamento dos alimentos, conduta dos manipuladores, estrutura física ou controle de riscos sanitários.
Diante do atendimento satisfatório às exigências sanitárias e da conformidade com a legislação vigente, o setor técnico responsável manifestou-se pelo arquivamento do processo.
A Proaes reforça seu compromisso com a saúde e o bem-estar da comunidade acadêmica e assegura que todas as providências necessárias estão sendo tomadas com responsabilidade e transparência. Manteremos a comunidade informada à medida que novas informações forem disponibilizadas.