segunda-feira, 21 julho 2025

Brasil cai para 87º lugar em ranking global do FMI e se aproxima da metade mais pobre do mundo

Redação Folha do Acre

Em quatro décadas e meia, o Brasil sofreu uma queda significativa no ranking de Produto Interno Bruto (PIB) per capita em paridade de poder de compra (PPC), elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 1980, o país ocupava a 48ª posição. Em 2024, despencou para o 87º lugar, um declínio de 39 posições que revela um desempenho econômico aquém do verificado em outras nações ao longo do mesmo período.

Apesar de o valor absoluto do PIB per capita ter aumentado de US$ 13,7 mil em 1980 para US$ 19,6 mil em 2024, o crescimento foi insuficiente diante do avanço global. Ou seja, o mundo cresceu mais, e o Brasil perdeu espaço. Na prática, o dado evidencia que o país se desenvolveu menos que seus pares e viu o custo de vida da população crescer acima da média mundial.

A projeção para os próximos anos é ainda mais preocupante. Segundo estimativas do FMI, o Brasil pode ocupar a 89ª posição até 2030, aproximando-se da metade mais pobre do planeta. A tendência, caso mantido o atual ritmo de crescimento, é de degradação contínua da posição brasileira no cenário econômico internacional, distanciando-se tanto das economias desenvolvidas quanto das emergentes.

O histórico recente ajuda a explicar essa trajetória. O indicador encolheu de forma acentuada até 2016, reflexo da grave recessão. Em seguida, houve uma leve recuperação até 2019, interrompida pela pandemia de covid-19, em 2020. Desde então, o PIB per capita em PPC voltou a crescer, mas de forma tímida. Em 2024, o índice foi de US$ 19.594, praticamente o mesmo valor registrado em 2013 (US$ 19.169). A diferença está na posição ocupada: enquanto em 2013 o Brasil estava em 79º lugar, agora caiu para 87º.

Entre os principais fatores que explicam o fraco desempenho estão os gastos públicos elevados, que pressionam a inflação, corroem o poder de compra da população e forçam o aumento da carga tributária, o que compromete a competitividade da economia. Além disso, juros altos dificultam o acesso a crédito e travam investimentos em infraestrutura e consumo.

Outro gargalo importante é a baixa qualidade da educação. A deficiência no ensino gera um grande contingente de trabalhadores informais com baixa qualificação e pouca capacidade de ascensão profissional. Esse grupo tende a depender cada vez mais de políticas assistenciais, o que perpetua o ciclo de estagnação econômica e exclusão social.

O alerta do FMI funciona como um espelho incômodo para o Brasil: crescer pouco, com baixa produtividade e educação precária, compromete não apenas o presente, mas o futuro de uma nação que, apesar do potencial, segue ficando para trás.

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