Em um pronunciamento de forte repercussão internacional, o chanceler brasileiro Mauro Vieira, representando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, declarou nesta terça-feira (29) na Assembleia Geral das Nações Unidas que o Brasil irá aplicar sanções contra o Estado de Israel, em resposta ao que o presidente Lula tem chamado reiteradamente de “genocídio” contra o povo palestino em Gaza.
A fala do ministro coroa semanas de tensionamento diplomático, com duras críticas por parte do presidente brasileiro à ofensiva militar de Israel em território palestino. Lula tem comparado publicamente os ataques em Gaza ao holocausto, despertando reações negativas de Tel Aviv e seus aliados, mas também ganhando apoio em setores da diplomacia internacional alinhados a uma causa humanitária.
As sanções anunciadas
Suspensão de contratos militares:
O governo brasileiro interromperá qualquer negociação de venda ou compra de armamentos, equipamentos de segurança e tecnologia militar com Israel. A medida inclui a suspensão de acordos de cooperação em inteligência e defesa.
Restrição a importações específicas:
O Brasil irá rever as licenças de importação de produtos de origem israelense ligados a empresas que, segundo o governo, estejam “envolvidas diretamente com o financiamento da ocupação ou com o aparato militar em Gaza”.
Congelamento de acordos bilaterais de inovação e tecnologia:
Convênios firmados nos últimos anos, especialmente nas áreas de cibersegurança, vigilância e tecnologia agrícola, serão suspensos até segunda ordem.
Apoio a moções internacionais de investigação:
O Brasil apoiará formalmente no Conselho de Direitos Humanos da ONU a criação de uma comissão internacional independente para investigar crimes de guerra e possíveis práticas genocidas por parte do governo de Israel em Gaza.
Recuperação da neutralidade diplomática ativa:
Embora não tenha rompido relações, o Itamaraty adotará postura mais incisiva contra Israel em votações na ONU, optando por se alinhar a blocos do Sul Global que exigem cessar-fogo imediato e proteção humanitária aos palestinos.
Reações e repercussões
A medida foi celebrada por entidades pró-Palestina no Brasil e por países que têm criticado a postura de Israel. Em contrapartida, representantes da comunidade judaica brasileira e aliados tradicionais de Israel, como os Estados Unidos, expressaram “profunda preocupação” com a guinada diplomática brasileira.
Fontes do Palácio do Planalto indicam que Lula está disposto a enfrentar os custos diplomáticos dessa posição, apostando que a História julgará com benevolência aqueles que “não se calaram diante do massacre de inocentes”.
A decisão marca uma nova etapa na política externa brasileira, que, sob o governo Lula, volta a se posicionar com mais veemência nos tabuleiros internacionais, mesmo que isso signifique desafiar aliados estratégicos.
“O Brasil não pode ser cúmplice por omissão. O que está acontecendo em Gaza é uma tragédia humanitária que não pode ser normalizada”, disse o chanceler Mauro Vieira em seu discurso.
A expectativa agora é de que o governo publique nas próximas horas os decretos regulamentando as sanções, enquanto a oposição já prepara medidas legais para contestar o posicionamento no Congresso Nacional.