quarta-feira, 9 julho 2025

Após surto de sarampo na Bolívia, governo do Acre toma medidas para evitar contaminações na fronteira

Redação Folha do Acre

Diante do aumento de casos de sarampo na Bolívia, o governo do Acre está em alerta para evitar a reintrodução da doença no estado, reforçando ações de vigilância epidemiológica nas fronteiras e convocando a população para manter a vacinação em dia. Por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), uma coletiva de imprensa foi realizada nesta terça-feira, 8, para informar a população acerca das estratégias adotadas.

Desde o ano 2000 o Acre não registra casos da doença. No entanto, o surto na Bolívia, país que faz fronteira com o Acre, preocupa: já foram confirmados 80 casos de sarampo, a maioria no Departamento de Santa Cruz.

Embora não haja nenhum caso confirmado no Acre, por ser uma doença altamente contagiosa, a Sesacre mantém equipes preparadas para a detecção imediata de casos suspeitos e para o envio de amostras ao Laboratório Central (Lacen), garantindo a rápida análise e contenção de possíveis casos.

A secretária adjunta de Atenção à Saúde da Sesacre, Ana Cristina Moraes, destaca que o momento exige atenção e colaboração de toda a população. “O sarampo é uma doença grave, altamente contagiosa, e que pode ser prevenida com a vacina, disponível em todas as unidades básicas de saúde do estado. Neste momento em que acompanhamos o aumento de casos na Bolívia, reforçamos nosso compromisso em proteger a saúde da população, mantendo a vigilância ativa nas fronteiras e em todo o Estado, mas precisamos da colaboração de todos. Então eu faço um apelo a todos os acreanos que busquem as unidades e procurem a vacinação contra o sarampo. A vacina salva vidas e é nossa melhor defesa para evitar que o sarampo volte a circular no nosso Estado”, afirma Ana Cristina Moraes.

Renata Meireles, responsável técnica das Doenças Imunopreveníveis da Sesacre, reforça a preocupação com a fronteira aberta. “É uma fronteira aberta Brasil-Bolívia. É um vírus que tem alta transmissibilidade. Ele é muito mais transmissível do que até a própria covid. Então nós precisamos ter muito, muito cuidado com relação a isso devido a justamente essa entrada e saída de pessoas. Por conta desse risco, nós precisamos manter nosso maior meio de prevenção em dia, que é através da vacinação”, reforçou Meirelles.

Vacinas estão disponíveis nas unidades de saúde

A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde do Acre. Apesar do esforço do governo do Estado, através da Sesacre, o Acre ainda possui municípios com cobertura vacinal abaixo da meta de 95% recomendada pelo Ministério da Saúde. Em 2025, o Estado atingiu 96,67% de cobertura na primeira dose em crianças, mas apenas 70,32% na segunda dose, o que reforça a importância de a população buscar as doses pendentes.

Renata Quiles, coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunizações, destaca que o cenário seria de tranquilidade se a população estivesse vacinada contra o sarampo. No entanto, este ainda é um desafio para a saúde pública. “Com o cenário de casos de sarampo na Bolívia e agora iniciando no Peru, estaríamos em situação de conforto se nossas coberturas vacinais estivessem adequadas. No ano de 2024 e 2025, entre crianças menores de 2 anos, a cobertura da primeira dose está satisfatória, mas a segunda dose está abaixo da meta de 95%. Além disso, há muitos adultos jovens que não sabem se estão vacinados. O sarampo é uma doença perigosa, altamente transmissível, principalmente em crianças, e só existem duas formas de prevenção: pegando a doença (que deixa sequelas graves ou pode levar ao óbito) ou se vacinando, que é o meio mais seguro e eficaz”, frisou Quiles.

Além da vacinação, é importante estar atento aos sintomas: em caso de febre alta, manchas avermelhadas na pele, tosse, coriza e conjuntivite, procure a unidade de saúde mais próxima imediatamente.

“É uma doença aguda. A transmissão se dá através de gotícula, quando o pessoal tosse, fala, espirra, um período de incubação vai até 14 dias e as manifestações clínicas são febre, dor de cabeça, mancha no corpo, pode ter uma conjuntivite. E o interessante é que ela pode evoluir para um quadro muito mais grave, com pneumonia, com meningite e até óbito. É importante evitar aglomerar, porque o maior risco de transmissão é quando você tem muita gente próxima. Se você tiver algum sintoma, como febre, manchas no corpo, fique em casa, evite expor outras pessoas ao vírus e procure atendimento médico, porque essa essa doença pode evoluir com complicações”, esclareceu a médica infectologista Cirley Lobato.

Com informações Agência de Notícias do Acre

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