Na manhã desta segunda-feira, 21, familiares das vítimas do grave acidente de trânsito ocorrido em 17 de abril deste ano, na Via Verde, em Rio Branco, realizaram um protesto em frente à 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil, localizada no bairro da Sobral. A manifestação foi marcada por cartazes, pedidos de justiça e desabafos emocionados de parentes das vítimas.
O acidente tirou a vida de três trabalhadores da empresa VIP: Márcio Pinheiro da Silva, de 45 anos, Carpeggiane de Freitas Lopes, de 46, e Fábio Farias de Lima, de 34. A única sobrevivente da tragédia foi Raiane Xavier Lima, autônoma, mãe de dois filhos, que ainda se recupera das lesões físicas e emocionais deixadas pelo ocorrido.
Segundo os familiares, o condutor do veículo envolvido no acidente, identificado como Talysson Duarte, chegou a permanecer no local da colisão, mas foi liberado pela polícia logo em seguida. Desde então, ele segue em liberdade, o que tem gerado revolta entre as famílias das vítimas.
“Eles estão sendo muito omissos. Já se passaram três meses e não temos nenhuma resposta. Estamos esperando um laudo pericial vindo de São Paulo. Enquanto isso, ele segue a vida normalmente como se nada tivesse acontecido”, desabafou Raiane.

Ela contou ainda que sua rotina foi completamente destruída após o acidente, que sente dores constantes e que enfrenta sofrimento físico e psicológico a cada curativo que precisa fazer. “As vítimas estão pagando por isso, e ele está vivendo normalmente. Isso é injusto”, disse emocionada.
Durante o ato, familiares expressaram indignação com a lentidão das investigações e a ausência de uma resposta mais efetiva por parte das autoridades. Giglyane Lopes, esposa de Carpeggiane, questionou a falta de responsabilização do condutor.
“Quero saber qual é a diferença desse caso para outros. Meu esposo era trabalhador, estava indo trabalhar quando foi atingido por um irresponsável em alta velocidade. Eu vi as imagens do IML. Foi cruel. A dor da família é imensa, e a gente só quer justiça”, afirmou a esposa.
Isneide de Freitas, prima de Carpeggiane, também demonstrou revolta com o que chamou de “tratamento desigual” por parte das autoridades.
“Vemos casos sendo resolvidos rapidamente, enquanto esse, com três vítimas, segue sem conclusão. A sensação é de proteção ao motorista. Não sabemos quem é Talysson, se tem alguém o protegendo. Só queremos respostas”, destacou Isneide.
De acordo com os familiares, o protesto marca o início de uma série de manifestações até que haja um posicionamento da Justiça e do Ministério Público. Eles cobram agilidade na entrega do laudo pericial, que está sendo realizado em São Paulo, por falta de equipamentos técnicos no Acre.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil, que aguarda o resultado da perícia para concluir o inquérito e avaliar se o condutor será indiciado por homicídio culposo com agravantes, em razão da possível alta velocidade no momento da colisão. Segundo o delegado Karlesso Nespoli, todas as testemunhas já foram ouvidas, e o laudo é peça fundamental para determinar as responsabilidades no acidente.