O surgimento de três casos suspeitos de sarampo em municípios acreanos com forte ligação fronteiriça reacendeu a preocupação de autoridades sanitárias com uma possível reintrodução do vírus no território brasileiro. A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) informou neste sábado (19) que, das 17 notificações registradas no estado desde o início de 2025, 14 foram descartadas e três seguem sob investigação.
Os casos investigados estão em Epitaciolândia e Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, além de um notificado em Rio Branco, mas com origem em Cobija, cidade boliviana vizinha. O quadro epidemiológico reacende debates sobre a vulnerabilidade da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia, onde a circulação viral nos países vizinhos pode impactar diretamente o sistema de vigilância brasileiro.
Embora o Acre não registre casos confirmados, o avanço da doença na Bolívia elevou o nível de atenção das autoridades brasileiras. A resposta, articulada entre a Prefeitura de Rio Branco, o governo estadual e o Ministério da Saúde, tem incluído ações emergenciais como bloqueios vacinais, ampliação de testagens e visitas educativas em áreas de maior risco.
Segundo a Sesacre, equipes estão atuando em campo e o material biológico já foi enviado para análise laboratorial. A vigilância está mobilizada para conter qualquer possibilidade de disseminação da doença. As amostras — de sangue, urina e secreção nasal — são processadas no LACEN, laboratório de referência, e orientam a classificação final dos casos.
Apesar de o Acre manter índices relativamente satisfatórios de vacinação, os casos suspeitos colocam em evidência o papel da fronteira como ponto sensível no controle de doenças erradicadas no Brasil, como é o caso do sarampo. A movimentação intensa entre os municípios acreanos e a cidade boliviana de Cobija, somada à queda na cobertura vacinal em vários países da região, amplia o desafio.
O sarampo é uma infecção viral altamente contagiosa, transmitida por via respiratória, e seus sintomas incluem febre alta, manchas avermelhadas pelo corpo, tosse, coriza e conjuntivite. A vacina tríplice viral é a principal forma de prevenção e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
A Sesacre reforça a recomendação para que a população atualize o cartão de vacinação, especialmente crianças e adultos jovens, considerados mais vulneráveis. O esforço é evitar que o vírus volte a circular livremente e comprometa os avanços da saúde pública no estado.
A lista de municípios com notificações inclui, além dos que têm casos em investigação, Rio Branco, Porto Acre, Feijó, Sena Madureira, Cruzeiro do Sul e Assis Brasil — todos com registros já descartados.
Embora os casos não estejam confirmados, a mobilização é vista como fundamental para manter o Acre livre da doença, cuja erradicação no Brasil foi reconhecida pela Organização Pan-Americana da Saúde em 2016, mas teve retrocessos nos últimos anos diante da baixa cobertura vacinal em algumas regiões.