quarta-feira, 18 junho 2025

“Operação contra produtores na Resex Chico Mendes favorece crime organizado”, diz deputado Tio Pablo

Por Gina Menezes, da Folha do Acre

O deputado estadual Tio Pablo (PSD) fez um dos discursos mais duros da sessão desta terça-feira (17), na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), ao comentar os impactos da Operação Suçuarana realizada na Reserva Extrativista Chico Mendes. Em plenário, o parlamentar classificou a situação como “uma das páginas mais tristes da história recente do Acre” e disse que a operação tem deixado os produtores rurais em estado de desespero.

Tio Pablo afirmou ainda que a operação contra os produtores mobiliza as forças policiais que deveriam estar combatendo o crime organizado e assim acaba favorecendo os verdadeiros criminosos.

Com a galeria da Casa lotada de trabalhadores rurais de diferentes municípios do estado, Tio Pablo afirmou que o Acre está vivendo um cenário de injustiça e abandono. “Enquanto atacam nossos produtores de forma desumana, o crime organizado está batendo palmas. Deixaram a fronteira completamente vulnerável”, disparou.

O deputado relatou ter recebido uma denúncia de um estudante de medicina, morador da região de fronteira em Plácido de Castro, que alertou para a retirada da Força Nacional da área. “Hoje, a segurança da fronteira está nas mãos de apenas doze policiais. Quem tem caminhonete na fronteira, guarde. Eu morei lá, eu sei como funciona”, disse.

Tio Pablo foi enfático ao afirmar que o governo federal age com dureza contra pequenos produtores, mas não demonstra a mesma coragem para enfrentar o crime organizado. “Além de não ter coragem de enfrentar quem realmente ameaça a sociedade, agora deixam os bens da nossa população nas mãos dos criminosos”, criticou.

O parlamentar informou que já tramita, por meio da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), um pedido formal de suspensão da operação. “Essa operação precisa ser interrompida imediatamente. O que estamos vendo é um massacre contra quem trabalha”, afirmou.

Ele também cobrou uma postura mais firme da bancada federal e de outras autoridades que, segundo ele, permanecem em silêncio. “Até agora, pelo que estou vendo, a Assembleia Legislativa virou o ator principal dessa luta. Somos nós que estamos indo aos protestos, recebendo os produtores aqui, enquanto a bancada federal continua na inércia”, alfinetou.

Tio Pablo ainda direcionou críticas a parlamentares acreanos que, mesmo eleitos com discurso alinhado à direita, hoje integram a base do governo federal e, segundo ele, não têm agido em defesa dos produtores.

“Não estou dizendo que está errado estar na base do governo, mas cadê o diálogo? Não vejo ninguém no ICMBio, no STF, no STJ, tentando resolver essa situação. Está todo mundo calado”, reclamou.

O deputado lembrou que a própria Aleac já aprovou quatro leis que poderiam ajudar na regularização da situação dos produtores que vivem nas florestas públicas do estado. “Essa Casa tem leis que podem resolver a vida de muita gente que está aqui. Mas quem tem poder de fato para agir, permanece na inércia”, afirmou.

Encerrando seu discurso, Tio Pablo reforçou seu compromisso com os trabalhadores rurais. “Enquanto houver Parlamento, a voz de vocês vai ecoar aqui. Vamos garantir que pais e mães tenham esperança, possam formar seus filhos, pagar suas contas. Porque, já já, a conta bancária vai chegar e o sofrimento vai aumentar ainda mais”, concluiu.

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