sexta-feira, 20 junho 2025

Israel x Irã: uma guerra silenciosa que ganhou vozes e bombas

Por Adriano Gonçalves

Entre ameaças nucleares, disputas religiosas e jogos de poder no Oriente Médio, o confronto entre Israel e Irã entra em uma fase crítica, com ataques diretos e riscos de escalada global.

O mundo assiste, com crescente inquietação, à escalada das tensões entre dois dos principais atores do Oriente Médio: Israel e Irã. O que por anos foi uma guerra fria silenciosa, feita de sabotagens, ataques cibernéticos e discursos hostis, hoje se transforma em confronto direto, com drones, mísseis e riscos de uma guerra regional de grandes proporções.

A rivalidade entre os dois países não é nova — ela é profunda, ideológica e estratégica. De um lado, está Israel, o único Estado judeu do mundo, aliado dos Estados Unidos e potência tecnológica e militar da região. Do outro, o Irã, uma república islâmica xiita que considera Israel uma entidade ilegítima e ameaça à estabilidade do mundo muçulmano.

A guerra de narrativas

O Irã não reconhece Israel como Estado e sustenta uma política agressiva de apoio a grupos armados que lutam contra os israelenses. Entre eles estão o Hezbollah, no Líbano, e o Hamas, na Faixa de Gaza — ambos considerados organizações terroristas por Tel Aviv e pelo Ocidente.

Israel, por sua vez, acusa o Irã de buscar armas nucleares e de tentar cercá-lo por meio de milícias armadas no Líbano, Síria, Iraque e Iêmen. “Estamos diante de uma política de cerco ideológico e militar promovida por Teerã”, declarou um porta-voz das Forças de Defesa de Israel.

A faísca da escalada

O gatilho mais recente da escalada veio após os intensos confrontos na Faixa de Gaza em 2023 e 2024. Em abril de 2024, o Irã lançou um ataque direto contra o território israelense, utilizando mais de 300 drones e mísseis. Israel respondeu com bombardeios cirúrgicos a alvos militares iranianos na Síria e, segundo fontes não confirmadas, também em território iraniano.

Esse foi o primeiro confronto direto entre as duas nações, ultrapassando a já conhecida “guerra por procuração”, na qual o Irã atua indiretamente por meio de aliados.

O fator nuclear

Um dos pontos mais delicados da crise é o programa nuclear iraniano. Enquanto o Irã insiste que suas atividades têm fins pacíficos, Israel e seus aliados temem que Teerã esteja perto de desenvolver uma bomba atômica — o que mudaria drasticamente o equilíbrio de forças na região.

Israel já declarou que não permitirá um Irã nuclearizado, o que aumenta a probabilidade de um ataque preventivo, como o que realizou contra o Iraque em 1981 e a Síria em 2007.

Riscos e futuro

A comunidade internacional teme que o conflito possa se transformar em uma guerra aberta no Oriente Médio, com envolvimento de Estados Unidos, Rússia e outras potências. O risco é real, especialmente num momento em que os equilíbrios diplomáticos estão frágeis e a polarização global afeta decisões estratégicas.

O futuro da relação entre Israel e Irã dependerá não apenas de ações militares, mas também da diplomacia, das pressões internacionais e do papel de potências como China e EUA. Por ora, o que se vê é uma região em ebulição e o mundo à beira de um novo capítulo em sua já turbulenta história.

Análise final:

O conflito entre Israel e Irã não é apenas sobre território ou religião. É sobre poder, influência e a luta por definir os rumos geopolíticos do Oriente Médio. Em tempos de polarização global e avanço de extremismos, o diálogo parece distante — mas continua sendo a única saída sustentável para evitar uma guerra de consequências imprevisíveis.

Adriano Gonçalves é colunista e master coaching in business international

Publicidade