Os órgãos federais de fiscalização ambiental devem intensificar, nos próximos dias, as ações de controle sobre a ocupação irregular de terras públicas no sul do Amazonas. A previsão é de que aproximadamente mil propriedades rurais localizadas nos municípios de Lábrea e Boca do Acre sejam alvo de operações conduzidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
As áreas que serão fiscalizadas já se encontram sob ordens judiciais de embargo. A atuação conjunta dos dois órgãos prevê, além da interdição das terras, a apreensão de rebanhos criados de forma ilegal em áreas pertencentes à União. Em Lábrea, estima-se que metade das propriedades esteja em situação de conflito com a legislação ambiental. Em Boca do Acre, o número de imóveis rurais com pendências semelhantes é equivalente.
Situados na região do chamado Arco do Desmatamento, os dois municípios integram a área da AMACRO — zona de fronteira agrícola formada por áreas dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia — marcada por índices elevados de desmatamento e queimadas, impulsionados sobretudo pela expansão da pecuária.
A perspectiva de fiscalização provocou reações entre produtores locais. Em Boca do Acre, representantes do setor agropecuário têm manifestado preocupação e se mobilizado em busca de apoio político. Há relatos de que parte do grupo chegou a cogitar o boicote à Expoboca, principal feira agropecuária da região.
A operação segue o padrão adotado recentemente em áreas protegidas do Acre, como na Reserva Extrativista Chico Mendes, onde ações semelhantes resultaram na retirada de rebanhos e embargo de propriedades em desacordo com decisões judiciais. As medidas fazem parte da estratégia de reforço ao combate a ilícitos ambientais e à ocupação irregular de terras públicas.