sábado, 28 junho 2025

Estudantes denunciam falta de transporte gratuito e risco de evasão na Ufac: “Não dá”

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

Jovens de Mâncio Lima, no interior do Acre, têm enfrentado dificuldades para continuar os estudos em cursos ofertados no turno da tarde devido à ausência de transporte gratuito. O problema foi exposto por uma estudante em um vídeo publicado nas redes sociais, no qual ela denuncia a disparidade no acesso ao transporte escolar entre turnos diferentes e relata o impacto financeiro sobre famílias de baixa renda.

“Esse vídeo foi necessário. Não é um modo de desabafar. Então, como eu falei, mais uma forma de desabar. Não só entre mim, mas com outras pessoas.”

O estudante conta que reside em Mâncio Lima e iniciou recentemente um curso de espanhol no período vespertino. No entanto, para continuar frequentando as aulas, ele precisa desembolsar do próprio bolso o valor da passagem. “O ônibus, eu faço o curso de espanhol, que é à tarde. Não só eu, eu tenho vários colegas também que fazem junto comigo. O motivo é, eu tenho que pagar ônibus todos os meses.”

Segundo ele, enquanto estudantes da noite não pagam transporte, os que estudam à tarde arcam com os custos mensais. “Enquanto a gente, nós que estudamos de manhã à tarde, pagamos ônibus, as pessoas da noite não pagam ônibus. Não pagam ônibus. E nós temos que pagar.”

O transporte foi, conforme explica, uma iniciativa que não partiu do poder público, o que exige a divisão das despesas entre os próprios estudantes. “Tem alguém que disponibilizou esse ônibus pra gente, entendeu? Quem disponibilizou, a gente vai ter que pagar mais. Tem como a gente… sei lá, alguém deveria olhar mais pra gente e estudar melhor. Pra gente estar tentando ter um futuro melhor, através do estudo.”

A dificuldade de arcar com o transporte escolar tem levado muitos jovens a considerarem desistir ou mudar de turno. “Quem não tem condições, vai fazer o quê? Desistir ou migrar pra noite? Porque é o meu caso. Eu tô pensando em migrar pra noite, fazer português. Por conta que acho que eu não vou conseguir pagar ônibus todos os meses.”

Ele afirma que, ao somar o custo do aluguel e do transporte, o orçamento familiar fica comprometido. “Eu moro de aluguel é trazendo R$ 50 de aluguel e R$ 50 de ônibus. Todos os meses. […] Não dá. Não dá.”

O problema atinge outros colegas, que também se veem obrigados a escolher entre estudar e pagar as contas. “Tem um colega, que é lá da igreja, que eu não me lembro. [..] Ele tá pensando em como é que vai pagar o ônibus. É uma situação triste, porque ele tá pensando em vender o próprio violão dele pra ver se conseguia pagar o ônibus. O próprio violão. Entendeu?”

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