Jovens de Mâncio Lima, no interior do Acre, têm enfrentado dificuldades para continuar os estudos em cursos ofertados no turno da tarde devido à ausência de transporte gratuito. O problema foi exposto por uma estudante em um vídeo publicado nas redes sociais, no qual ela denuncia a disparidade no acesso ao transporte escolar entre turnos diferentes e relata o impacto financeiro sobre famílias de baixa renda.
“Esse vídeo foi necessário. Não é um modo de desabafar. Então, como eu falei, mais uma forma de desabar. Não só entre mim, mas com outras pessoas.”
O estudante conta que reside em Mâncio Lima e iniciou recentemente um curso de espanhol no período vespertino. No entanto, para continuar frequentando as aulas, ele precisa desembolsar do próprio bolso o valor da passagem. “O ônibus, eu faço o curso de espanhol, que é à tarde. Não só eu, eu tenho vários colegas também que fazem junto comigo. O motivo é, eu tenho que pagar ônibus todos os meses.”
Segundo ele, enquanto estudantes da noite não pagam transporte, os que estudam à tarde arcam com os custos mensais. “Enquanto a gente, nós que estudamos de manhã à tarde, pagamos ônibus, as pessoas da noite não pagam ônibus. Não pagam ônibus. E nós temos que pagar.”
O transporte foi, conforme explica, uma iniciativa que não partiu do poder público, o que exige a divisão das despesas entre os próprios estudantes. “Tem alguém que disponibilizou esse ônibus pra gente, entendeu? Quem disponibilizou, a gente vai ter que pagar mais. Tem como a gente… sei lá, alguém deveria olhar mais pra gente e estudar melhor. Pra gente estar tentando ter um futuro melhor, através do estudo.”
A dificuldade de arcar com o transporte escolar tem levado muitos jovens a considerarem desistir ou mudar de turno. “Quem não tem condições, vai fazer o quê? Desistir ou migrar pra noite? Porque é o meu caso. Eu tô pensando em migrar pra noite, fazer português. Por conta que acho que eu não vou conseguir pagar ônibus todos os meses.”
Ele afirma que, ao somar o custo do aluguel e do transporte, o orçamento familiar fica comprometido. “Eu moro de aluguel é trazendo R$ 50 de aluguel e R$ 50 de ônibus. Todos os meses. […] Não dá. Não dá.”
O problema atinge outros colegas, que também se veem obrigados a escolher entre estudar e pagar as contas. “Tem um colega, que é lá da igreja, que eu não me lembro. [..] Ele tá pensando em como é que vai pagar o ônibus. É uma situação triste, porque ele tá pensando em vender o próprio violão dele pra ver se conseguia pagar o ônibus. O próprio violão. Entendeu?”