A divulgação dos dados do Censo 2022 pelo IBGE, que aponta pela primeira vez os evangélicos como maioria religiosa no Acre, provocou reações entre lideranças católicas. Uma das mais conhecidas no Estado, o padre Mássimo Lombardi, destacou neste domingo, 8, o papel da Igreja Católica na formação da sociedade acreana.
Segundo o levantamento, os evangélicos representam agora 40,2% da população do Estado, superando os católicos, que somam 38,4%. Em 2010, os católicos ainda eram maioria, com 54,3%.
Sem demonstrar surpresa, Lombardi afirmou que os números refletem uma transformação cultural, mas que não apagam a trajetória da Igreja na região. “Durante mais de 100 anos, a Igreja Católica chegou antes da estrada, antes da escola, antes do posto de saúde. E quando ninguém queria vir para a selva amazônica, os missionários e as missionárias vieram. Vieram padres, irmãs, leigos, leigas do Brasil e do mundo, semeando o evangelho, semeando a educação, dignidade, amor, respeito”, disse o padre.
O religioso também relembrou a atuação da Igreja em áreas historicamente negligenciadas pelo poder público. “Nas vilas, nos barrancos dos rios, nas periferias esquecidas, lá estava a cruz, lá estava a Bíblia, lá estava a Santa Missa, o altar improvisado debaixo de uma árvore e o povo rezando. Ninguém é perfeito, mas nunca houve omissão”, afirmou.
Para ele, mesmo com a queda no número de fiéis, os valores cristãos continuam presentes. “O Evangelho sobrevive no povo. O amor ao próximo, o perdão, a solidariedade. São raízes profundas que não se perdem com estatísticas.”