O Acre fechou o ano de 2023 com 12 mortes classificadas como homicídios ocultos, segundo dados do Atlas da Violência 2025, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O levantamento mostra que o número de casos no Estado subiu de três, em 2022, para 12, o que representa um aumento de 300%. Em 2021, não houve registros.
Homicídios ocultos são mortes registradas como “violentas por causa indeterminada” no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), mas que, segundo o estudo, reúnem elementos típicos de assassinatos. Entre os indícios estão o uso de arma de fogo, o local do crime — geralmente em áreas públicas — e o perfil da vítima: homem, jovem, negro e de baixa escolaridade.
Conforme o Atlas, o avanço desses registros indica possíveis falhas na investigação e na classificação oficial das mortes violentas, além de apontar dificuldades na elucidação de homicídios em várias regiões do País.
No Norte, o Acre não lidera, mas aparece à frente de estados como Amapá (3 casos) e Roraima (2). Na mesma região, o Pará teve 78 ocorrências e o Amazonas, 20. Rondônia, vizinho do Acre, encerrou o ano com 17 registros.
No ranking nacional, São Paulo concentra o maior volume: 2.277 casos em 2023, o equivalente a mais da metade de todos os homicídios ocultos do Brasil. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 358 registros, seguido pelo Ceará, com 251.
A metodologia usada pelo Ipea combina análises estatísticas para apontar semelhanças entre mortes violentas sem causa definida e homicídios dolosos. São avaliados fatores como local de ocorrência, arma empregada, idade, cor, sexo, escolaridade e estado civil da vítima. O banco de dados considera registros desde 1996.