O estado do Acre registrou em 2024, aprovação de 302 pedidos de refúgio, segundo dados da plataforma DataMigra, do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra). O número representa 21% das 1.397 solicitações feitas até agora. A maior parte dos pedidos deferidos foi de cidadãos venezuelanos, que somam 293 autorizações, o equivalente a 97% do total.
Os números reforçam a importância do debate sobre a situação dos refugiados, especialmente nesta sexta-feira, 20, quando é celebrado o Dia Mundial do Refugiado. A data tem como objetivo sensibilizar a sociedade para as dificuldades enfrentadas por pessoas forçadas a deixar seus países de origem em razão de conflitos, perseguições políticas ou crises humanitárias.
Atualmente, a maior concentração de refugiados no Acre está em municípios da fronteira com o Peru e a Bolívia, principais portas de entrada para migrantes na região. Só em Epitaciolândia, foram aprovados 168 pedidos neste ano. Assis Brasil registrou 121 aprovações, enquanto Rio Branco contabilizou 12 e Cruzeiro do Sul apenas 1.
Em 2023, o Acre recebeu 6.565 solicitações de reconhecimento da condição de refugiado, terceiro maior volume da Região Norte, atrás apenas de Roraima (71.198) e Amazonas (19.663). Juntas, essas três unidades da federação concentraram 69,8% dos pedidos analisados pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) no Brasil naquele ano. Do total no Acre, 3,8 mil solicitações foram deferidas — um crescimento de 92% em relação a 2022.
Neste ano de 2025, o OBMigra já contabiliza 60 novos pedidos concedidos, sendo 52 em Assis Brasil e 8 em Epitaciolândia. Além disso, outras 272 solicitações seguem em análise pelas autoridades.
O fluxo crescente de migrantes pela fronteira do Acre levou o município de Epitaciolândia a decretar situação de emergência humanitária em novembro de 2021, devido à sobrecarga nos serviços de assistência. Na ocasião, dezenas de imigrantes chegaram a se abrigar improvisadamente em uma igreja local, por falta de estrutura adequada.
Atualmente, o estado conta com três casas de apoio a imigrantes, localizadas em Assis Brasil, Brasiléia e Rio Branco. Cada uma delas possui capacidade para atender até 50 pessoas, oferecendo alimentação, banho, espaço para descanso e orientação para que os refugiados possam seguir viagem com dignidade.