sexta-feira, 30 maio 2025

Senador manda Marina Silva ‘se pôr em seu lugar’, e ministra diz que não é ‘mulher submissa’

Redação Folha do Acre

Marcos Rogério (PL-RO) ironizou queixas da ministra durante uma audiência no Senado. Após nova discussão, Marina decidiu ir embora.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o senador Marcos Rogério (PL-RO) discutiram nesta terça-feira (27) durante uma reunião no Senado. Momentos depois, após um novo acirramento de ânimos, ela decidiu abandonar o local.

A discussão começou quando Marina disse que se sentiu ofendida por falas do senador Omar Aziz (PSD-AM) e questionou a condução dos trabalhos feita por Marcos Rogério, que presidia a sessão na Comissão de Infraestrutura do Senado.

Rogério havia cortado o microfone de Marina várias vezes, impedindo a ministra de falar, e ironizou as queixas dela.

Marina, então, disse que Marcos Rogério gostaria que ela “fosse uma mulher submissa”. “E eu não sou”, completou a ministra.

Sentado ao lado da ministra, Marcos Rogério olhou para ela e disse: “Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”.

O senador disse que não aceitaria que seu comportamento fosse considerado sexista.

As declarações de Marcos Rogério provocaram um tumulto na sessão e foram criticadas por outras pessoas que estavam na sala.

Na sequência, o senador tentou dar outro sentido a sua fala. Ele disse que, na verdade, referia-se ao “lugar” de Marina como ministra de Estado.

Marina decidiu deixar reunião sob clima pesado
Os ânimos continuaram exaltados. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) acusou Marcos Rogério de machismo e de ter desrespeitado Marina.

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), também saiu em defesa da ministra e defendeu que ela abandonasse o local.

Após quatro horas, a ministra deixou a audiência pública.

Minutos antes, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) havia questionado falas de Marina sobre o fato de ela ser mulher. Segundo ele, a “mulher merece respeito e a ministra, não”.

Plínio deu a declaração após Marina se defender de outros ataques.

“Sou uma mulher de luta e de paz. Mas, nunca vou abrir mão da luta. Não é pelo fato de eu ser mulher que vou deixar as pessoas atribuírem a mim coisas que [eu] não disse”, disse a ministra.

Ao ouvir a resposta de Plínio, Marina pediu que o senador se desculpasse. E advertiu que, caso contrário, ela deixaria a audiência. “Não vou [pedir desculpas]”, respondeu Plínio.

A ministra, então, se levantou e deixou a sala. Marcos Rogério, como presidente da comissão, ainda ameaçou convocá-la para falar, o que tornaria obrigatória a sua presença.

O senador Plínio Valério já havia se envolvido em outra polêmica com Marina. Em evento no Amazonas, o parlamentar zombou dela e disse: “Imaginem o que é ficar com a Marina seis horas e dez minutos sem ter vontade de enforcá-la”.

Nesta terça, Marina rebateu essa declaração.

“Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo? Só os psicopatas são capazes de fazer isso”, afirmou.

Marina bateu boca com o senador Omar Aziz

A audiência com Marina no Senado ficou tensa após um embate entre ela e o parlamentar Omar Aziz.

A discussão começou quando Aziz criticou a conduta de Marina à frente do Ministério do Meio Ambiente e dados apresentados pela ministra.

O senador também afirmou que o Congresso aprovaria novas regras de licenciamento ambiental a contragosto da ministra e a advertiu, para que ela não reclamasse do parlamento.

“Se essas coisas não andarem, a senhora terá responsabilidade”, disse Aziz.

Marina respondeu, mesmo sendo interrompida por Marcos Rogério e Omar Aziz, e disse que faz o seu trabalho “com base naquilo que está na lei e nas futuras gerações”.

Aziz rebateu a ministra e a acusou de dizer que ele não teria ética. “A senhora não tem esse direito”, afirmou o senador.

O parlamentar ainda acusou a ministra de “atrapalhar” o desenvolvimento do Brasil e de apresentar dados ambientais “falsos” para, supostamente, prejudicar obras.

Fonte: G1

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