O Acre segue entre os estados brasileiros com a maior taxa de feminicídios, com dados preocupantes que indicam um padrão recorrente: mulheres assassinadas em suas próprias residências, em sua maioria pardas, com baixa escolaridade e mães. Segundo levantamento do Observatório de Violência de Gênero, com base em dados oficiais de 2018 a janeiro de 2024, o estado registrou 4,2 feminicídios por 100 mil mulheres, o segundo maior índice do país.
A análise detalhada aponta que 86% das vítimas são pardas ou negras, 72% eram mães e 71,8% não concluíram o ensino fundamental. A faixa etária mais atingida está entre 20 e 39 anos, especialmente mulheres entre 20 e 24 anos. Quase 90% dos feminicídios ocorreram dentro de casa, reforçando a persistência da violência doméstica como principal motivação em 60,56% dos casos.
Apenas 10% das mulheres assassinadas estavam sob medidas protetivas judiciais quando morreram, enquanto 45% estavam em processo de separação do agressor.
Os autores dos crimes apresentam baixo nível educacional, com 40% sem ensino fundamental completo, e 59% possuem antecedentes criminais, sendo 36% relacionados à violência doméstica. Em mais da metade dos casos (53%), os agressores já haviam cometido agressões contra a vítima anteriormente.
No momento do crime, quase 30% respondiam em liberdade, e apenas 31% dos casos resultaram em condenação até janeiro de 2024. Os processos judiciais enfrentam lentidão: 55% ainda estão em tramitação, 27% foram arquivados ou concluídos, e apenas uma pequena parcela levou a sentenças.
Os dados indicam que a grande maioria dos feminicídios é cometida por parceiros atuais (32 casos) ou ex-companheiros (11 casos). Outros relacionamentos, como namorados, conhecidos ou familiares, são minoritários.
Especialistas atribuem o elevado índice a fatores como a precariedade da estrutura policial e judiciária no interior do estado, o contexto socioeconômico de vulnerabilidade das vítimas, a cultura machista enraizada e a influência de conflitos regionais, como disputas fundiárias e tráfico de drogas.l.
Se você ou alguém que você conhece sofre violência doméstica, procure ajuda: ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou dirija-se à delegacia mais próxima.