terça-feira, 29 abril 2025

Um mês após morte de mãe na Cidade do Povo, polícia ainda não sabe se bebê está viva ou morta

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

Passado um mês do assassinato brutal de Yara Paulino, de 28 anos, ocorrido no dia 24 de março no bairro Cidade do Povo, em Rio Branco, o paradeiro de sua filha recém-nascida ainda é desconhecido. A menina, que não possui registro de nascimento, desapareceu cerca de três semanas antes do crime e seu sumiço só foi comunicado às autoridades após a morte da mãe. A Polícia Civil mantém diversas linhas de investigação em aberto e considera que o caso é cercado de complexidades.

Responsável pelo inquérito, o delegado Alcino Júnior afirmou em entrevista ao ac24horas que o desaparecimento da criança só foi informado após o assassinato da mãe. “O desaparecimento da recém nascida só chegou ao conhecimento das autoridades, por ocasião da morte da Sra. Yara, genitora do bebê, uma vez que a acusação de matar a própria filha não foi confirmada”, explicou.

Segundo o delegado, Yara teria denunciado no bairro o suposto rapto da filha e chegou a confrontar membros de uma organização criminosa local cobrando informações sobre o paradeiro da criança. “Não faria sentido ela cobrar o paradeiro da filha se a tivesse matado”, afirmou.

Uma das hipóteses em análise é a de que a criança tenha sido levada por uma facção criminosa. “Nenhuma linha de investigação está descartada, embora a condição de dependentes químicos dos genitores possa ter causado maior vulnerabilidade a facção criminosa que tenta dominar o loteamento habitacional cidade do Povo”, revelou o delegado.

O pai da criança, Ismael Bezerra Freire, ex-companheiro de Yara, confirmou que o desaparecimento ocorreu cerca de três semanas antes da morte da mãe. Segundo ele, nem ele nem Yara procuraram a polícia por não possuírem documentos pessoais e porque a criança também não tinha registro de nascimento. Para o delegado, o comportamento chama a atenção. “Esse comportamento também fugiu ao padrão de quem tem um filho supostamente raptado ou sequestrado”, disse.

Questionado se a polícia acredita que a criança está viva, Alcino respondeu: “Trabalhamos com essa hipótese, sim, mas não há confirmação.”

Sobre a possibilidade de Yara ter matado a filha, o delegado foi categórico ao afirmar que a investigação não descarta nenhuma linha, mas que os fatos relatados contradizem essa versão. “Como já foi dito, não descartamos quaisquer linhas de investigação, mas, não faria sentido, antes de morrer, a genitora está cobrando explicações a faccionados sobre o paradeiro da filha e inclusive pressionando o genitor, conforme veiculado por moradores e testemunhas.”

Diante da insistência sobre o andamento das investigações e possíveis suspeitos, Alcino reiterou o sigilo necessário à apuração. “No momento não podemos falar sobre as investigações em si, por razões de sigilo e efetividade das medidas”, declarou repetidamente ao ser questionado sobre prisões, suspeitos ou colaborações com as autoridades.

Até o momento, não há confirmação de suspeitos detidos ou informações concretas sobre o paradeiro da recém-nascida. O caso segue sob investigação.

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