Passado um mês do assassinato brutal de Yara Paulino, de 28 anos, ocorrido no dia 24 de março no bairro Cidade do Povo, em Rio Branco, o paradeiro de sua filha recém-nascida ainda é desconhecido. A menina, que não possui registro de nascimento, desapareceu cerca de três semanas antes do crime e seu sumiço só foi comunicado às autoridades após a morte da mãe. A Polícia Civil mantém diversas linhas de investigação em aberto e considera que o caso é cercado de complexidades.
Responsável pelo inquérito, o delegado Alcino Júnior afirmou em entrevista ao ac24horas que o desaparecimento da criança só foi informado após o assassinato da mãe. “O desaparecimento da recém nascida só chegou ao conhecimento das autoridades, por ocasião da morte da Sra. Yara, genitora do bebê, uma vez que a acusação de matar a própria filha não foi confirmada”, explicou.
Segundo o delegado, Yara teria denunciado no bairro o suposto rapto da filha e chegou a confrontar membros de uma organização criminosa local cobrando informações sobre o paradeiro da criança. “Não faria sentido ela cobrar o paradeiro da filha se a tivesse matado”, afirmou.
Uma das hipóteses em análise é a de que a criança tenha sido levada por uma facção criminosa. “Nenhuma linha de investigação está descartada, embora a condição de dependentes químicos dos genitores possa ter causado maior vulnerabilidade a facção criminosa que tenta dominar o loteamento habitacional cidade do Povo”, revelou o delegado.
O pai da criança, Ismael Bezerra Freire, ex-companheiro de Yara, confirmou que o desaparecimento ocorreu cerca de três semanas antes da morte da mãe. Segundo ele, nem ele nem Yara procuraram a polícia por não possuírem documentos pessoais e porque a criança também não tinha registro de nascimento. Para o delegado, o comportamento chama a atenção. “Esse comportamento também fugiu ao padrão de quem tem um filho supostamente raptado ou sequestrado”, disse.
Questionado se a polícia acredita que a criança está viva, Alcino respondeu: “Trabalhamos com essa hipótese, sim, mas não há confirmação.”
Sobre a possibilidade de Yara ter matado a filha, o delegado foi categórico ao afirmar que a investigação não descarta nenhuma linha, mas que os fatos relatados contradizem essa versão. “Como já foi dito, não descartamos quaisquer linhas de investigação, mas, não faria sentido, antes de morrer, a genitora está cobrando explicações a faccionados sobre o paradeiro da filha e inclusive pressionando o genitor, conforme veiculado por moradores e testemunhas.”
Diante da insistência sobre o andamento das investigações e possíveis suspeitos, Alcino reiterou o sigilo necessário à apuração. “No momento não podemos falar sobre as investigações em si, por razões de sigilo e efetividade das medidas”, declarou repetidamente ao ser questionado sobre prisões, suspeitos ou colaborações com as autoridades.
Até o momento, não há confirmação de suspeitos detidos ou informações concretas sobre o paradeiro da recém-nascida. O caso segue sob investigação.