Quatro dias após um grave acidente na Via Verde, em Rio Branco, o condutor da caminhonete que atravessou a pista contrária e atingiu três motocicletas ainda não foi ouvido pela Polícia Civil. Identificado como Talysson Duarte, o motorista permanece sem apresentar depoimento, mesmo após a segunda morte confirmada entre as vítimas do episódio.
A colisão ocorreu na última quinta-feira (17), no quilômetro 132 da rodovia, nas proximidades da 3ª Ponte. Macio Pinheiro da Silva, de 45 anos, morreu ainda no local. Três outras pessoas foram hospitalizadas, e no domingo (20), Carpegiane Freitas Lopes, que estava internado em estado grave, também morreu. Ambos eram funcionários da empresa de segurança privada VIP. Um terceiro colega de trabalho, Fábio Farias de Lima, permanece internado com múltiplas fraturas, enquanto a quarta vítima, Raiane Xavier, já recebeu alta.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil confirmou que o motorista não se apresentou até esta segunda-feira (21). Ainda não há confirmação oficial sobre o eventual envio de intimação para que ele preste esclarecimentos.
A Polícia Rodoviária Federal do Acre (PRF-AC), responsável pelo atendimento inicial, afirmou ter realizado os procedimentos no local, incluindo a coleta de informações, teste do bafômetro — que não apontou consumo de álcool — e a confecção do boletim de ocorrência. O caso foi então repassado à Polícia Civil para as etapas seguintes da investigação. Segundo a PRF, “a persecução criminal não está prejudicada” e o papel da corporação no caso está concluído.
A liberação de Talysson do local do acidente causou questionamentos nas redes sociais. Segundo a equipe da PRF que atendeu a ocorrência, a medida foi tomada por precaução, diante do risco de agressões, já que havia forte comoção entre familiares e conhecidos das vítimas. Ainda assim, a expectativa era de que o condutor fosse encaminhado à Delegacia de Flagrantes (Defla) naquele mesmo dia, o que não aconteceu.
A corporação negou qualquer favorecimento ao motorista, contestando rumores de que ele integraria alguma força de segurança. A PRF reforçou que o condutor apresentou todos os documentos exigidos e que o boletim de ocorrência já foi entregue à Polícia Civil.
Enquanto a investigação segue sem o depoimento do principal envolvido, familiares das vítimas clamam por justiça. Durante o velório de Carpegiane Freitas, realizado nesta segunda-feira, parentes se manifestaram pedindo celeridade nas apurações e responsabilização dos culpados.