sexta-feira, 25 abril 2025

Conflitos por terra crescem no Acre e colocam estado entre os mais violentos do país

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

O Acre aparece entre os dez estados brasileiros com maior número de conflitos por terra registrados em 2024. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (23) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram 59 ocorrências no estado, a maioria relacionada a despejos forçados, destruição de moradias e ataques contra comunidades tradicionais.

O levantamento, que monitora anualmente as violações de direitos no campo, aponta um cenário de agravamento da crise fundiária no Brasil. Em todo o país, foram 1.768 conflitos por terra ao longo do ano, número superior ao de 2023, quando foram contabilizados 1.724 casos.

No Acre, os registros se concentram principalmente em áreas ocupadas por indígenas, posseiros, quilombolas e integrantes de movimentos sociais do campo. Esses grupos representam a maior parte dos atingidos pelos conflitos — muitas vezes enfrentando pressões de fazendeiros, empresários e, em alguns casos, do próprio poder público.

Além dos conflitos por terra, o relatório destaca a intensificação de outras formas de violência no campo. O número de ameaças de morte chegou a 272 em 2024 — o maior dos últimos dez anos. Embora os assassinatos tenham recuado para 13, o menor índice desde 2015, a CPT chama atenção para o clima de insegurança e tensão nas zonas rurais.

O uso de agrotóxicos também entrou no radar do relatório. Em 2024, foram registrados 276 casos de contaminação, um salto expressivo em relação à média anual de 24 casos entre 2015 e 2023. A organização atribui o aumento à ampliação do uso indiscriminado de defensivos químicos, que afeta diretamente comunidades rurais, inclusive em regiões onde o problema era menos frequente, como o Acre.

Na Amazônia Legal, onde o estado está inserido, a situação é ainda mais preocupante. Os focos de incêndio mais que dobraram no último ano, e o desmatamento ilegal voltou a crescer, com destaque para Mato Grosso e Pará, que lideram os índices de degradação ambiental.

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