Na manhã desta quarta-feira, 16, a Câmara Municipal de Rio Branco promoveu uma Tribuna Popular para debater a proposta de mudança do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) do centro da cidade para a região da Baixada da Sobral. O encontro reuniu autoridades públicas, representantes da sociedade civil e lideranças políticas que apresentaram diferentes pontos de vista sobre a proposta.
O vice-presidente do Partido Progressista(PP) Lívio Veras, expressou oposição à mudança para a Baixada da Sobral. “Nós da baixada não concordamos que esse centro seja pra lá. Para debater este tema tem que ser em conjunto, e eu tenho certeza que ninguém tem interesse que ele seja instalado lá na baixada”, afirmou Veras, defendendo mais diálogo com a comunidade local.
Já o promotor de Direitos Humanos do Ministério Público do Acre, Thalles Ferreira, trouxe um relato emocional sobre sua experiência com o Centro POP. “Isso pra mim é uma causa que me toca muito. Quando entrei no Centro POP, vi que ele não é um local para atender essas pessoas com dignidade. Eu briguei muito para que ele se reestruturasse. O problema não é só tirar o centro pop: a função do Ministério Público não acaba. A minha missão vai durar até quando eu for promotor de Direitos Humanos.”
O secretário municipal de Assistência Social e ex-vereador, João Marcos Luz, defendeu a transferência com base em dados e na estrutura disponível na nova região. “Na Sobral temos unidades que oferecem tudo. Ou a gente entende o problema ou vamos continuar jogando essas pessoas como miseráveis. Eles são pessoas como nós. No ano passado eram 250 pessoas em situação de rua, e este ano são 600.”
A classe empresarial também esteve representada na tribuna. O vice-presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (ACISA) declarou: “Os empresários há 10 anos aproveitaram do melhor do centro da cidade. Nós precisamos dar uma resposta às pessoas em situação de rua, aos comerciantes e à população em geral. Estamos sempre aqui para defender os direitos dos empresários.”
A presidente da ACISA, Patrícia Dossa, reforçou que a entidade não se opõe ao trabalho social do Centro POP, mas cobra responsabilidade na escolha do novo local. “Queremos que o Centro POP faça o trabalho dele. Não somos contra o trabalho social, e que esse local seja escolhido a dedo.”
A discussão sobre a possível mudança do Centro POP mobilizou diferentes setores da sociedade e revelou os desafios de conciliar assistência social, desenvolvimento urbano e os interesses de comunidades e empresários.