Em resposta às críticas feitas por produtores rurais e pelo senador Alan Rick (União Brasil), o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), defendeu publicamente a decisão de devolver ao governo federal um convênio de mais de R$ 1 milhão destinado à construção de cinco casas de farinha mecanizadas para comunidades da zona rural da capital. Segundo ele, o recurso não seria bem aproveitado, e a obra não justificaria o gasto.
“Eu não vou fazer obras que não são funcionais, simplesmente para gastar o dinheiro”, afirmou o prefeito durante entrevista. “Esquece essa história de casas de farinha aí que tem aquele convênio. Aquilo ali é coisa antiga, não fui eu que pedi, foi outra turma que pediu.”
A declaração contraria diretamente os anseios das comunidades da Baixa Verde, Barro Alto, Polo Hélio Pimenta e Geraldo Mesquita, que aguardavam a implementação do projeto para garantir a continuidade de suas atividades produtivas. Parte da obra chegou a ser iniciada pela empresa contratada, mas foi interrompida após o distrato solicitado pela Prefeitura em março deste ano.
De acordo com Bocalom, a cidade já possui casas de farinha suficientes. “As casas de farinha que tem em Rio Branco são suficientes para poder as comunidades tocarem o seu trabalho. Então, nós devolvemos o dinheiro, sim. Não estou arrependido. Sempre que eu sentir que o dinheiro não vai ser bem aproveitado, a gente vai devolver.”
O convênio em questão previa o repasse de R$ 955 mil por meio de emenda parlamentar do então deputado Alan Rick e R$ 69 mil de contrapartida da Prefeitura. Em visita à Nova Baixa Verde nesta terça-feira (15), Alan Rick afirmou que a justificativa de reajuste de preços não se sustenta e que seria possível readequar o plano de trabalho, construindo menos unidades. “Se não dá para construir cinco, constrói três. O dinheiro não se perde”, disse o senador.
Bocalom, no entanto, disse que não pretende manter projetos que não tenham eficácia comprovada: “Não adianta. Eu não vou gastar dinheiro em obra pra ficar abandonada, como outras casas de farinha estão aí.”
O Ministério Público do Estado acompanha o caso e avalia se há possibilidade de reverter a devolução dos recursos ou buscar alternativas que mitiguem os prejuízos causados às famílias afetadas.