Uma série de declarações publicadas nas redes sociais pela estudante de Medicina Assuria Mesquita, da Universidade Federal do Acre (Ufac), gerou forte repercussão pública nesta semana. As mensagens, que circularam amplamente na internet, foram criticadas por conter ofensas direcionadas à população acreana.
“Tenho asco de acreanos”, escreveu a jovem em uma das postagens na rede social X (antigo Twitter). Em outra, afirmou: “a coisa que mais amo no meu namorado é que ele não é acreano”. As publicações, marcadas por linguagem pejorativa, foram feitas por alguém que, como destacou a própria autora, “é apenas um desabafo de uma pessoa que nasceu e mora no acre”.
Assuria é filha do secretário estadual de Indústria, Ciência e Tecnologia, Assubarnípal Barbary Mesquita. Em outro trecho, ela afirma que pretende deixar o estado após a conclusão do curso: “quando me formar vou estudar tanto pra passar numa residência que seja bem longe desse umbral e poder ser feliz sem ter acreanos estragando meu dia”.
As declarações provocaram reação de diferentes setores da sociedade, incluindo da Atlética Sinistra, entidade representativa dos estudantes de Medicina da universidade. Em nota, a atlética afirmou: “Não compactuamos com manifestações que desrespeitam a dignidade humana, promovem a exclusão ou discriminam qualquer indivíduo ou grupo com base em sua origem, etnia, condição social, cultural ou qualquer outro marcador”.
O texto acrescenta: “A Medicina que escolhemos praticar é baseada na empatia, ciência e justiça social — e qualquer discurso contrário a esses princípios será veementemente rechaçado por esta instituição”.
Diante da repercussão, Assuria divulgou uma nota de retratação. “Confesso que estou profundamente arrependida e refletindo com seriedade sobre o impacto disso. Admito que me expressei de forma profundamente imatura e desrespeitosa”, escreveu. “As palavras têm poder, e eu falhei no uso desse poder.”
A jovem ainda afirmou: “Sou profundamente grata por ser acreana e tudo o que consegui até o momento foi com apoio de minha família e de amigos que também são acreanos”.
O pai da estudante, o secretário Assubarnípal Mesquita, também se pronunciou publicamente. “Conversamos longamente com a nossa filha, que está verdadeiramente arrependida. Ela reconheceu o erro, está refletindo sobre o impacto de suas atitudes e buscando formas de se retratar e aprender com essa péssima experiência”, declarou.
Ele finalizou com um pedido de reflexão: “Estamos juntos na busca por um diálogo construtivo e pela promoção de um ambiente onde todos possam ser respeitados e valorizados”.
CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA:
Nota de Solidariedade
Como pai da Assíria Mesquita, venho por meio desta, expressar minha solidariedade e apoio àqueles que se sentiram afetados por recentes declarações de minha filha, Assiria Mesquita.
É fundamental reconhecer o impacto das palavras e ações, e, neste momento, é nosso dever ouvir, aprender e evoluir. Estamos todos em um processo constante de formação e conscientização.
A empatia, o respeito e a responsabilidade são pilares fundamentais que devemos cultivar em nossas relações e na nossa sociedade. Essa é a educação que repassamos à nossa filha.
Conversamos longamente com a nossa filha, que está verdadeiramente arrependida. Ela reconheceu o erro, está refletindo sobre o impacto de suas atitudes e buscando formas de se retratar e aprender com essa péssima experiência.
Aos que se sentiram ofendidos, deixo minha mais profunda solidariedade. Estamos juntos na busca por um diálogo construtivo e pela promoção de um ambiente onde todos possam ser respeitados e valorizados.
Agradeço a cada um de vocês pela oportunidade de refletirmos sobre nossas atitudes e pelas lições que podemos aprender juntos.
Assurbanipal Mesquita.