Todos os anos, a Campanha da Fraternidade, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, propõe uma reflexão sobre temas urgentes para a sociedade. Em 2025, o tema escolhido foi “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
O objetivo da campanha é despertar um olhar mais atento sobre a nossa relação com o meio ambiente e com as pessoas, promovendo uma conversão integral que leve a um mundo mais sustentável, justo e fraterno. Mas o que significa ecologia integral e por que esse conceito é tão importante para a nossa realidade?
A ecologia integral é uma abordagem que reconhece que tudo está interligado: meio ambiente, economia, sociedade, cultura e espiritualidade. Essa visão foi amplamente difundida pelo Papa Francisco na encíclica “Laudato Si”, de 2015, onde ele defende que a crise ambiental não pode ser separada das crises sociais e econômicas.
Em outras palavras, cuidar da natureza não é apenas plantar árvores ou reduzir o consumo de plástico, mas também promover justiça social, reduzir desigualdades e mudar nosso estilo de vida para um modelo mais sustentável.
Nessa perspectiva, a ecologia integral pode ser compreendida em cinco dimensões principais: (i) ecologia ambiental, que trata da conservação da natureza, da preservação dos recursos naturais e da biodiversidade; (ii) ecologia social, que busca garantir que todas as pessoas tenham acesso a condições dignas de vida, combatendo a miséria e a desigualdade; (iii) ecologia econômica, que reflete sobre como o modelo econômico atual impacta o meio ambiente e a sociedade, defendendo um sistema mais equilibrado e sustentável; (iv) ecologia cultural, que valoriza as diversas culturas e os saberes tradicionais, reconhecendo sua importância na relação sustentável com a natureza; (v) ecologia espiritual, que propõe uma conversão interior, reconhecendo que o cuidado com a criação é um dever moral e ético.
Diante dos desafios da crise ambiental e social, a Campanha da Fraternidade de 2025 convida a refletir sobre o impacto das nossas escolhas, promovendo ações concretas de cuidado com a criação e incentivando políticas públicas voltadas à preservação ambiental e justiça social.
A campanha também nos lembra que cuidar do meio ambiente não é uma pauta exclusiva dos ambientalistas, mas uma questão que envolve toda a sociedade, desde governos até cada indivíduo.
Em nossa Amazônia, rica em biodiversidade e cercada por desafios ambientais e sociais, o tema da ecologia integral se torna ainda mais relevante. O desmatamento, as queimadas, a crise hídrica e as dificuldades enfrentadas pelas comunidades ribeirinhas e indígenas mostram que as crises ambiental e social caminham juntas.
Ao refletir sobre a ecologia integral, somos chamados a valorizar e proteger os biomas amazônicos, repensar nosso modelo de desenvolvimento e construir relações mais fraternas e sustentáveis.
A Campanha da Fraternidade 2025 nos ensina que a mudança começa em cada um de nós. Pequenas atitudes, como reduzir o desperdício, valorizar o consumo consciente e apoiar iniciativas que promovam a justiça social, fazem parte desse processo de conversão ecológica.
A ecologia integral nos convida a enxergar o mundo de forma mais ampla, entendendo que o cuidado com a natureza e o respeito pelo ser humano são inseparáveis.
A Campanha da Fraternidade de 2025 nos desafia a refletir e agir em prol de um mundo mais sustentável e solidário, onde cada escolha e cada ação fazem a diferença.
Que essa reflexão nos inspire a assumir o compromisso de sermos guardiões da criação, respeitando e cuidando do planeta que Deus nos confiou.
Marcus Venicius Nunes da Silva
Advogado especialista em Direito Público e pós-graduando em Direito Penal e Processual Penal Contemporâneo.
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