OAB defende esposa de Bocalom contra ataques misóginos após nomeação na prefeitura

A recente nomeação de Kellen Nunes, primeira-dama de Rio Branco, para o cargo de chefe de gabinete do prefeito Sebastião Bocalom, gerou uma onda de polêmica e críticas. No entanto, o que parecia ser uma discussão sobre uma decisão administrativa logo se transformou em ataques misóginos que a Ordem dos Advogados do Brasil no Acre (OAB/AC) classificou como uma tentativa de desqualificar a mulher no espaço público.

Em nota oficial, a OAB/AC se posicionou de forma contundente contra os ataques, destacando que “a crítica à conduta de agentes públicos é legítima, salutar para o controle social e deve ocorrer dentro dos limites próprios, especialmente os éticos.” Contudo, a Ordem criticou a utilização da nomeação para lançar “insinuações misóginas que submetem a mulher ao escárnio público, reduzindo-a a estereótipos que perpetuam a cultura de opressão e preconceito.”

A OAB/AC ressaltou que um ato administrativo pode ser questionado “pelos meios adequados”, mas que não é aceitável que se aproveite a oportunidade para atacar uma mulher, especialmente uma advogada, com “insinuações desrespeitosas” que desconsideram sua competência. A Ordem ainda deixou claro que “a OAB Acre e a advocacia acreana não se silenciam diante da injustiça e exigem respeito não apenas às advogadas, mas a todas as mulheres.”

Este posicionamento vem em resposta a uma série de críticas que ultrapassaram o debate sobre as decisões políticas e entraram no campo do machismo, algo que a OAB/AC se compromete a combater em defesa da dignidade das mulheres em todas as esferas da sociedade.

Leia a nota na íntegra:

Nota pública – em defesa da mulher advogada

A recente nomeação da primeira-dama da capital para a chefia de gabinete do prefeito de Rio Branco, Sebastião Bocalom, seu esposo, gerou repercussão negativa nos últimos dias, ganhando, contudo, novas roupagens. Embora esse seja um tema que devesse ser discutido nos fóruns apropriados, acabou transbordando para ataques rasteiros, indignos e reveladores de um machismo estrutural que persiste na sociedade. A reiteração dessas manifestações torna a situação ainda mais grave e justifica as diversas manifestações de repúdio.

A crítica à conduta de agentes públicos é legítima, salutar para o controle social e deve ocorrer dentro dos limites próprios, especialmente os éticos.

Assim, um ato administrativo pode ser questionado pelos meios adequados, mas não é aceitável que se aproveite a oportunidade para lançar insinuações misóginas que submetem a mulher ao escárnio público, reduzindo-a a estereótipos que perpetuam a cultura de opressão e preconceito, sobretudo em relação a uma mulher advogada.

Dessa forma, a OAB Acre e a advocacia acreana não se silenciam diante da injustiça e exigem respeito não apenas às advogadas, mas a todas as mulheres.

Rio Branco – AC, 13 de fevereiro de 2025.

Thais Moura

Presidente em exercício da OAB/AC

Caruline Simão

Presidente da Comissão da Mulher Advogada