Minha luta, nossa luta: ser mulher na sociedade ainda é um desafio

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Taiane Santos

Ser mulher no Brasil nunca foi fácil. E, aqui na nossa região, onde os valores tradicionais ainda pesam sobre nossos ombros, essa luta se torna ainda mais árdua. Da beira do rio à sala de aula, da feira ao plenário, nós, mulheres, temos demonstrado força, inteligência e competência para ocupar qualquer espaço. Mas, apesar dos avanços, enfrentamos uma barreira invisível e persistente: o preconceito.

No Acre, como em tantos outros cantos do país, sempre fomos essenciais para o sustento da família e o desenvolvimento da comunidade. Basta lembrar das seringueiras que resistiram ao lado de seus companheiros nos tempos da borracha, das professoras que moldaram gerações e das mães que, com sacrifício e determinação, garantiram um futuro melhor para seus filhos. No entanto, a sociedade ainda insiste em nos relegar a papéis secundários, como se fôssemos meras coadjuvantes na nossa própria história.

No mercado de trabalho, a desigualdade é gritante. Meu salário continua inferior ao de um homem que ocupa o mesmo cargo e tem a mesma qualificação. As oportunidades são mais escassas, e a desconfiança me acompanha a cada passo. Se sou firme, sou chamada de “mandona”; se sou cuidadosa, dizem que sou “sensível demais” para liderar. Se engravido, sou vista como um problema; se não tenho filhos, questionam minha feminilidade. Parece um jogo de cartas marcadas, no qual, independentemente da minha escolha, a cobrança será inevitável.

E na política? O desafio se intensifica. Quando uma mulher ousa entrar nesse espaço, não enfrenta apenas a disputa eleitoral, mas também o machismo estrutural, que tenta silenciá-la. Quantas vezes candidatas são deslegitimadas não por suas ideias, mas pela aparência, pelo tom de voz ou simplesmente pelo fato de serem mulheres? E, quando conseguem se eleger, precisam provar sua competência repetidas vezes—algo que raramente é exigido de um homem na mesma posição.

O Acre tem exemplos de mulheres que desafiaram esse cenário e se recusaram a aceitar o papel de figurantes. Elas provaram que nosso lugar é onde quisermos estar. Mas ainda não é suficiente. Mais do que reconhecer nossa força, é preciso abrir caminho para que essa força se transforme em poder de decisão. Precisamos de mais mulheres na política, na economia, nas universidades, nos espaços onde o futuro é moldado.

Minha luta é a luta de muitas. Cada conquista deve ser celebrada, mas sem jamais perder de vista o quanto ainda há para avançar. O desafio não é apenas nosso, mas de toda a sociedade. Afinal, um mundo mais justo para nós é um mundo melhor para todos.

Taiane Santos é presidente municipal do Solidariedade de Rio Branco e Diretora Operacional da Secretaria de Estado da Casa Civil.

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