Estelionatários entram em contato com vítimas por meio de dados encontrados na internet e tentam levá-las a acreditar que precisam pagar tarifas para evitar risco à segurança. Polícia Civil orienta a nunca fazer transferências e a procurar imediatamente uma delegacia.
Uma mensagem ou até mesmo uma ligação telefônica com o DDD 68 e uma ordem clara: uma suposta facção criminosa está exigindo o pagamento de “taxas de segurança” de moradores de um dado bairro de Rio Branco.
O modus operandi é sempre semelhante. Assim funciona o chamado golpe da facção, no qual estelionatários se passam por membros de organizações criminosas que dominam uma certa área para extorquir moradores.
Foi assim com uma moradora da capital acreana, que preferiu não ser identificada, que contou ao g1 os momentos de horror que passou, quando foi alvo de uma tentativa de golpe no qual teria que pagar, ao todo, R$ 3 mil.
Mesmo em pânico, a vítima entrou em contato com um advogado, que a auxiliou e impediu que ela fizesse qualquer transferência aos criminosos. Ainda que as ameaças sejam falsas, as mensagens e ligações podem assustar os alvos.
“Me ligaram, falaram o endereço da minha casa, falaram que eram da facção [do bairro], e explicaram que tem uma taxa que é para pagar a eles, e eles disseram que é uma taxa única, de uma vez. Eu falei que não tinha como e eles ficaram falando que iam vir aqui, eles falaram o meu endereço, eles sabiam o meu nome. Fiquei com medo, muito medo, chorei horrores”, lembrou.
O advogado Kalebh Mota, que atendeu a vítima, diz que esses crimes estão cada vez mais comuns e que exigem pagamentos via Pix, o que dificulta o rastreamento dos valores. Ele ressalta ainda que, por conta do medo, algumas vítimas acabam pagando, porém, mesmo com o pagamento, as cobranças não param, e os criminosos sempre voltam a pedir mais valores.
“Para tornar a ameaça mais convincente, os criminosos costumam usar informações pessoais da vítima, como nome completo, endereço, número de documentos e até dados de parentes próximos. Essas informações geralmente são obtidas por meio de vazamentos de dados, redes sociais ou compras em sites sem segurança adequada. O uso de dados concretos dá a impressão de que a facção realmente sabe onde a vítima mora e pode agir a qualquer momento. Além disso, também falam que estão monitorando os passos da vítima“, destaca.
Orientações
Além do golpe da facção, outros esquemas de estelionatários também se aproveitam de dados de terceiros. Por exemplo, nos golpes em que criminosos se passam por advogados ou outros golpes que envolvem até relacionamentos amorosos.
“Os que envolvem mulheres, os alvos geralmente são homens, no qual utilizam um perfil hackeado de alguma mulher e entram em contato com algum homem, iniciando uma conversa, muitas vezes enviando fotos com teor sexual e combinando encontros. Logo após, a vítima recebe uma ligação, dizendo que a vítima está ‘mexendo’ com mulher de bandido e vai sofrer represálias. Cobram uma determinada quantia para que a vítima não sofra represálias, tal qual ao golpe da facção. Podemos concluir que todos esses golpes têm como uso em comum de intimidação, usando o medo para que a vítima caia e realize transferências para evitar represálias. A melhor forma de se proteger é mantendo a calma para não ceder, evitar passar dados pessoais para terceiros e também buscar a autoridade policial caso tenha sido vítima de uma tentativa.”, explica o advogado.
A Polícia Civil recomenda sempre desconfiar de ligações ou mensagens desconhecidas. Mesmo em um caso delicado que envolva ameaças, a orientação é não fazer transferências e procurar uma delegacia o mais breve possível, sejam qual for o tipo de golpe.
“A principal dica é sempre desconfiar de ligações ou mensagens suspeitas. No caso de ameaças, a orientação é manter a calma e procurar imediatamente a polícia. No golpe da falsa venda, o ideal é verificar a procedência do anúncio e exigir contato direto com o vendedor. Já no golpe do falso sequestro, antes de tomar qualquer atitude, tente entrar em contato com o familiar supostamente sequestrado. Quanto ao golpe do advogado, nunca realize pagamentos antecipados sem antes confirmar a veracidade da informação com o Judiciário ou um advogado de confiança. Em qualquer situação suspeita, a recomendação é registrar um boletim de ocorrência para que a Polícia Civil possa investigar”, alerta o delegado Karlesso Nespoli.
G1