FEREMAAC repudia acusações ligadas à tentativa de estupro no Horto Florestal

A Federação de Religiões de Matriz Africana do Estado do Acre (FEREMAAC) emitiu, nesta quarta-feira (15), uma nota em suas redes sociais na qual repudiam segundo eles as “falas tendenciosas que circulam nos jornais locais”. A nota de repúdio se refere ao caso de tentativa de estupro ocorrido no bairro Horto Florestal, em Rio Branco, onde o acusado, Guilherme Silva Cruz, foi preso após uma denúncia de violência sexual contra uma mulher. O caso gerou grande repercussão na mídia local, especialmente após as acusações de que o acusado estaria envolvido em um “ritual espiritual” relacionado a práticas de religiões de matriz africana.

De acordo com a FEREMAAC, as alegações de que o acusado teria participado de um “ritual espiritual” envolvendo a ingestão de sangue e consumo de cadáver são completamente falsas e distantes da realidade das práticas religiosas das comunidades de matriz africana. A federação ressalta que o acusado, embora residindo nas proximidades de um templo de matriz africana, não tem ligação com a religião e que essas afirmações não passam de distorções irresponsáveis dos fatos.

Pai Célio Gomes, em sua nota, criticou veementemente as falas veiculadas na imprensa, que, segundo ele, violam princípios éticos e legais ao associar uma prática criminosa a uma religião pacífica e respeitável. “Essas declarações ultrapassam os limites do respeito, da ética e da moralidade, promovendo o crime de racismo e intolerância religiosa”, afirmou o presidente da FEREMAAC.

A federação também enfatizou que as liberdades de crença e expressão garantidas pela Constituição não devem ser usadas como justificativa para disseminar violência ou desrespeito a direitos fundamentais. A entidade solicitou que as autoridades competentes conduzam uma investigação rigorosa sobre o caso, sem permitir que as acusações falsas sejam vinculadas a qualquer grupo religioso.

Leia a nota na íntegra:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Federação de Religiões de Matriz Africana do Estado do Acre – FEREMAAC, fundada em 2015, vem, por meio desta nota, protestar contra a justificativa relatada em depoimento e esclarecer as falas tendenciosas que circulam nos jornais locais sobre o caso de acusação de tentativa de estupro do senhor Guilherme Silva Cruz. A fala mencionada, conforme relatada nas mídias, merece veemente repúdio, não apenas pelo conteúdo chocante e perturbador, mas também pela apologia de práticas que atentam contra a dignidade humana e os direitos fundamentais. O relato de que esta pessoa estaria envolvida em um suposto “ritual espiritual” que envolvesse a ingestão de sangue e, de maneira ainda mais grave, o consumo de um cadáver, configura-se como uma incitação a comportamentos inaceitáveis, ressaltando que o mesmo não faz parte de nenhum templo de religião de matriz africana, apenas tem residência próxima a um.

Atestamos que as religiões de matriz africana não compactuam e nem praticam tais atos. Essas declarações ultrapassam os limites do respeito, da ética e da moralidade, promovendo o crime de racismo e intolerância religiosa, colocando em risco a saúde mental e física do povo das religiões de matriz africana e a segurança da sociedade como um todo. É essencial destacar que a liberdade de crença e expressão, garantidas pela Constituição, não podem ser utilizadas como justificativa para a promoção de ações que envolvam violência, práticas de crimes, desrespeito aos direitos humanos e violação de normas legais.

Sendo assim, repudiamos veementemente tal conduta e exigimos que as autoridades competentes investiguem as alegações de maneira rigorosa, garantindo que não haja nenhuma prática criminosa. Gostaríamos ainda de esclarecer à sociedade acreana quanto à seriedade dos nossos cultos, que não condizem com o relato torpe e mentiroso do mesmo.

Pai Célio Gomes
Presidente da FEREMAAC