Família denuncia negligência médica em caso de jovem que morreu após complicações pós-parto no Acre: “Era o maior sonho dela ser mãe”

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Foto: Arquivo pessoal

Estherfanny Sara de Souza Adrião, de 25 anos, faleceu na última sexta-feira, 10, dez dias após dar à luz no município de Manoel Urbano, interior do Acre. Segundo familiares, a jovem sofreu complicações decorrentes de eclâmpsia e teria sido vítima de negligência médica na Unidade Mista da cidade.

De acordo com relatos da família, Estherfanny começou a apresentar fortes dores de cabeça e crises convulsivas após o parto. A irmã da vítima, Esther Samylle Souza da Silva, afirma que a jovem foi atendida inicialmente por um estudante de medicina sem supervisão do médico plantonista, e que a demora no encaminhamento para a capital agravou o quadro clínico.

Acusações de negligência

A família alega que o médico plantonista só atendeu Estherfanny após ela sofrer uma convulsão. Apesar da gravidade do caso, a transferência para Rio Branco só foi autorizada quatro horas depois, já por outro médico. Durante esse período, Estherfanny não apresentava resposta verbal ou ocular e, segundo os familiares, a equipe médica afirmou que o quadro era “estável”, o que não condizia com sua condição.

A transferência foi realizada pelo Samu em uma ambulância inadequada, sem os equipamentos necessários, como suprimento contínuo de oxigênio. Próximo a Rio Branco, a jovem sofreu duas paradas cardiorrespiratórias. A família afirma que a equipe médica da ambulância só percebeu a primeira parada porque a mãe da paciente alertou o médico, que estava sentado no banco da frente.

Já na capital, após tentativas de reanimação, foi constatada morte encefálica, e Estherfanny faleceu no dia 10 de janeiro.

Investigação e pedidos de justiça

A família registrou denúncia no Ministério Público, solicitando que o caso seja investigado pela Polícia Civil, Conselho Regional de Medicina (CRM) e Sesacre. Eles também pedem a revisão dos protocolos de atendimento da Unidade Mista de Manoel Urbano.

“Queremos respostas e que os responsáveis sejam punidos. Até agora, nenhum dos órgãos se manifestou diretamente para a família”, afirmou a irmã de Estherfanny.

Sonho de ser mãe

Casada há oito anos, Estherfanny sonhava em ser mãe. Ela deu à luz sem complicações na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, no dia 31 de dezembro de 2024, e recebeu alta quatro dias depois.

“Ela estava empolgada com a gravidez e planejou tudo. Era o maior sonho dela. Depois que voltou para Manoel Urbano, começaram as dores de cabeça. Se tivessem agido rápido, minha irmã ainda estaria aqui”, lamentou Esther.

Estherfanny sonhava em ser mãe – Foto/Arquivo pessoal

A morte de Estherfanny causou grande comoção na cidade de Manoel Urbano, onde o corpo foi velado e sepultado.

O que diz a Sesacre

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) informou que a paciente recebeu atendimento adequado na unidade de saúde e que foi estabilizada antes da transferência para Rio Branco, seguindo os protocolos médicos. Além disso, a Sesacre afirmou que abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias do caso.

“A equipe realizou a estabilização necessária para a transferência, acompanhada por profissionais especializados”, declarou a secretaria.

A Polícia Civil também publicou uma nota de pesar, destacando o compromisso e a dedicação de Estherfanny à sua comunidade. O caso segue sob investigação.

Com informações do G1/AC

Veja a Nota da Sesacre

“A Secretaria de Estado de Saúde, por meio da Unidade Mista de Saude de Manoel Urbano, manifesta solidariedade aos familiares da paciente Esthérfanny Sara de Souza, de 25 anos.

Esclarecemos que a paciente foi atendida e assistida por toda a equipe de assistência da unidade, composta por um médico, dois enfermeiros, dois técnicos em enfermagem e o apoio diagnóstico do laboratório, conforme registrado no prontuário médico já disponibilizado à família e à Polícia Civil.

A gestão garante que todos os protocolos e intervenções necessários foram realizados. De acordo com o prontuário, a paciente apresentava um quadro grave, com suspeita de eclâmpsia e AVC, agravado por convulsões. A equipe realizou a estabilização para realizar a regulação, seguindo os protocolos médicos para garantir a segurança da paciente durante sua transferência para o Pronto Socorro da capital onde foi acompanhada por equipe médica especializada.

A direção do hospital informa que, além de contribuir com as investigações conduzidas pela Polícia Civil, instaurou uma sindicância interna para assegurar a transparência do caso. As imagens do monitoramento eletrônico do hospital também já foram disponibilizadas às autoridades, confirmando o atendimento pela equipe, incluindo o médico habilitado.

Reforçamos nosso compromisso com a população e seguimos à disposição para prestar quaisquer esclarecimento aos familiares ou às autoridades competentes.

Secretaria de Estado de Saúde do Acre.”

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp