Nicolas Iglessia da Silva, de apenas 11 meses, faleceu na noite desta quarta-feira (15) no pronto-socorro de Rio Branco, após sofrer queimaduras de 2º grau e passar por uma série de falhas no atendimento médico.
O acidente ocorreu na casa da mãe do bebê, na Vila Caquetá, município de Porto Acre. Segundo familiares, enquanto preparava brigadeiro, a mãe colocou uma panela quente sobre a mesa. Nicolas acabou derrubando o conteúdo sobre o rosto, sofrendo queimaduras graves.
Atendimento inicial e agravamento
A mãe levou o bebê ao Hospital Ari Rodrigues, em Senador Guiomard, por volta das 15h30 em um carro particular. Durante a noite, o estado de Nicolas se agravou, tornando necessária a intubação. No entanto, o médico plantonista do hospital afirmou não saber realizar o procedimento e pediu a transferência para o pronto-socorro de Rio Branco.
A regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) autorizou a transferência apenas com uma ambulância de suporte básico, sem equipamentos adequados para casos graves. O bebê chegou ao pronto-socorro às 21h10 em estado crítico, apresentando queimaduras no rosto, edema periorbital e de lábios, lesões bolhosas e edema de glote, que comprometia sua respiração.
Falhas no atendimento e fatalidade
Diante da gravidade do caso, a médica plantonista do pronto-socorro, Drª Ozélia Paula Leitão Galvão, acionou a pediatra Drª Nádia, do Samu, para apoio. Contudo, o atendimento enfrentou nova barreira: o enfermeiro plantonista do Samu, Roni Gleuton, recusou-se a deslocar-se ao hospital, alegando que a ocorrência não havia sido gerada no sistema da regulação, impossibilitando a mobilização da equipe completa.
Com a negativa, a médica Nádia decidiu ir ao pronto-socorro em seu veículo particular, deixando sua equipe. Juntas, as médicas realizaram a intubação, mas Nicolas sofreu uma parada cardiorrespiratória e faleceu minutos depois.
Funcionários do pronto-socorro afirmaram que a intubação deveria ter sido realizada no Hospital Ari Rodrigues. Contudo, o médico responsável pelo atendimento inicial admitiu não possuir treinamento para o procedimento.
Investigações e questionamentos
A morte de Nicolas expõe falhas na estrutura de atendimento médico e na coordenação dos serviços de emergência, levantando dúvidas sobre os protocolos e a capacitação das equipes. Familiares registraram um boletim de ocorrência, e o caso será investigado pela Polícia Civil.
Até o momento, a Secretaria Estadual de Saúde não se pronunciou oficialmente sobre os problemas no Hospital Ari Rodrigues, no Samu e no pronto-socorro de Rio Branco. O espaço segue aberto para esclarecimentos.