Após 114 dias de paralisação, a greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), iniciada em 16 de julho de 2024, chegou ao fim em 6 de novembro. Contudo, mais de dois meses após o encerramento, os trabalhadores afirmam que nenhuma das pautas reivindicadas foi atendida, gerando insatisfação generalizada na categoria.
De acordo com Etenne Hugo, analista do seguro social, o sindicato que representa os servidores assinou um acordo que “não contemplou nada que foi solicitado”. Ele explica que, diante da situação, os servidores retornaram ao trabalho de forma compulsória, uma vez que o governo federal condicionou o pagamento dos salários ao encerramento da greve.
Dia do Aposentado marcado por insatisfação
Nesta sexta-feira, 24, Dia do Aposentado e da Previdência Social, os servidores do INSS no Acre declararam não se sentirem representados pela decisão de finalizar a greve. Entre as principais queixas está a implementação do Programa de Gestão e Desempenho (PGD), que aumenta as metas de produtividade e impõe penalidades severas para quem não atingir os objetivos, como processos administrativos e risco de demissão.
“Agora, o governo quer obrigar o cumprimento de metas ainda mais altas, o que aumenta a pressão sobre os servidores. Além disso, o retorno ao atendimento presencial foi imposto para a maioria, com apenas 15% podendo permanecer no teletrabalho”, disse Etenne.
Segundo ele, antes da paralisação, boa parte dos funcionários da agência em Rio Branco trabalhava em regime remoto, mas a decisão do governo é de que a maioria retorne ao atendimento presencial.
Demandas não atendidas
Os servidores listaram como principais reivindicações:
•Elevação do nível de escolaridade para ingresso no cargo de Técnico do Seguro Social para nível superior;
•Reestruturação de carreira;
•Melhoria das condições de trabalho;
•Investimento em tecnologia;
•Implementação de tabela remuneratória de acordo com a NT13, incluindo adicional de qualificação;
•Abertura de mesas setoriais com prazo definido, defendendo o teletrabalho e novas regras para bônus e pontuação.
No entanto, nenhuma dessas demandas foram atendidas no acordo firmado. “Tivemos que aceitar o retorno para evitar cortes salariais. Foi uma medida forçada”, lamentou Etenne.
Histórico da greve
A paralisação teve início em 16 de julho de 2024, quando os servidores do INSS em Rio Branco aderiram ao movimento nacional. Durante os 114 dias de greve, a categoria rejeitou propostas apresentadas pelo governo federal por não atenderem às pautas principais.
Em outubro, após mais de 100 dias de mobilização, atos e manifestações foram realizados em Brasília, com destaque para protestos simbólicos no Palácio do Planalto, Ministério da Gestão e Inovação e Ministério da Fazenda. Apesar da pressão, o acordo final não atendeu às expectativas dos servidores.
Agora, com o retorno das atividades, a insatisfação persiste. “O sindicato assinou um acordo que não representou os trabalhadores. A greve terminou, mas nossas reivindicações continuam sem resposta”, concluiu Etenne.