Médico é condenado a indenizar enfermeiros e fazer retratação em redes sociais

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O médico Radson Almeida de Araújo, foi condenado pela 4ª vara cível de Rio Branco, nesta quarta-feira (9), a pagar mais de R$ 15 mil em uma ação civil coletiva movida pelo Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Acre (Seeacre).

Em fevereiro de 2022, Radson postou em suas redes sociais mensagens escritas, que foram consideradas como ofensivas à reputação, honra e imagem dos profissionais de enfermagem.

O g1 tentou contato com Araújo através do consultório onde ele atende, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

O sindicato entrou com a ação pedindo a reparação por danos materiais coletivos ainda em 2022, e em 2023 recebeu uma sentença favorável, porém o médico recorreu, fazendo com que o processo se estendesse até 2024.

No pedido, a Seeacre sustentou que o médico em suas publicações tentou diminuir a competência e formação científica dos enfermeiros com pós-graduação e doutorado. Também afirma que ele tentou colocar a sociedade contra a categoria, ao passar a ideia de que esses profissionais, por terem doutorado, querem substituir os médicos, além de deixar explícito, em outra postagem, que os enfermeiros geram discórdias entre a classe e os médicos.

A presidente do sindicato, Iunaira Cavalcante Pereira, conta que na época, as postagens de Araújo repercutiram de maneira danosa para a classe.

“Ele não só extrapolou com direito à liberdade, como ele desonrou nossa classe, as imagens do enfermeiro, não teve ética, que o próprio código de ética da profissão médico prevê. Então, assim, a gente precisa desconstruir e superar alguns pensamentos ultrapassados sobre a nossa profissão. O enfermeiro não é médico, ele não quer ser médico e nunca foi sobre isso”, frisa ela.

Inaura ainda afirma que a ação foi ajuizada para rebater toda e qualquer forma de desrespeito com a categoria.

“Em poucas palavras, nunca foi sobre dinheiro, até porque 10 mil reais não é nada para ele. Qualquer um que tente diminuir nossa competência, desonrar nossa categoria, aprenda que nós somos uma categoria de ensino superior como muitas outras, temos autonomia e o direito de exercer nossa profissão com liberdade e respeito. E que nossa imagem e competência legal não se resuma a comentários chulos e depreciativos”, declara ela.

O médico foi condenado a pagar o valor de R$ 13.706,42, dividido em 4 parcelas sendo a primeira em outubro e a última em janeiro. Já em fevereiro, o médico deverá pagar uma parcela fixa de R$ 1.370,64.

De acordo com o sindicato, o valor arrecadado será utilizado para as ações em defesa da imagem dos enfermeiros.

Além da quantia, Araújo precisa fazer uma publicação da íntegra da sentença em seu perfil do Instagram, pelo prazo de 24 horas.

O médico na época do caso, tinha 25 mil seguidores, ao ponto do sindicato frisar que a repercussão das mensagens postadas fez com que veículos de comunicação utilizassem o conteúdo em suas matérias jornalísticas, causando grande engajamento. Atualmente Araújo tem 59 mil seguidores.

Mensagens veiculadas em 2022

Nas publicações do dia 13 de fevereiro de 2022, Araújo que afirma ser especialista em ginecologista e obstetrícia, diz que vai desabafar sobre gestação, doulas, enfermeiras obstetras, e o que segundo ele “é pilantragem, o que realmente tem base científica”, e ele afirma que a máscara de muita gente vai cair.

Em outra postagem, ele cita que violência obstétrica existe e isso é uma realidade, mas uma coisa que vocês [seguidores dele] precisam entender é que a violência obstétrica pode ser causada pela doula, fotógrafo (a), enfermeira e declara que “esse termo precisa ser revisado”.

O médico também escreveu pedindo que parem de colocar os médicos como demônios que querem violentar alguém. “Enfermeiro que coloca merda (sic) na cabeça de paciente é pilantra. Te coloca em risco”, redigiu em suas redes.

Ele continuou apontando que cada profissional precisa saber o seu limite. “Enfermeiro ou enfermeira por mais que tenha o dourado (sic) ou o caralho as 4 9 (sic)não é médico. Repetindo não é médico”.

Araújo insiste que respeitem os médicos obstetras. “Tem muita gente dizendo que sabe obstetrícia e na realidade só sabe pesquisar no Google. Respeitem nossa profissão, gestação é coisa séria”.

G1

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