Acre pode ser atingido por fenômeno “La Niña” com fortes chuvas e enchentes, alerta Defesa Civil

Em 2024, o Acre enfrenta uma das piores secas de sua história, onde os rios e igarapés registraram níveis críticos durante esse período. O Rio Acre chegou a registrar a cota mais baixa de sua história, se mantendo, por mais de quatro meses, abaixo dos dois metros de profundidade. A Defesa Civil do Estado do Acre prevê que as chuvas que provocarão a próxima cheia do rio Acre deverão começar entre janeiro e março de 2025. No entanto, não descarta a possibilidade de o fenômeno La Niña se intensificar e ser antecipado para o final de 2024.

O Coronel Carlos Batista, coordenador da Defesa Civil do Acre, destacou que as mudanças climáticas têm tornado as previsões a médio e longo prazo menos confiáveis. “Nos últimos tempos, temos observado que, na natureza, tudo é possível. As previsões dos institutos fornecem um direcionamento, mas não garantem 100% de certeza, principalmente em prazos mais longos. De repente, podemos enfrentar chuvas de grande intensidade em 24 ou 48 horas, o que pode elevar significativamente o nível do rio em pouco tempo”, explicou.

Nos últimos dias, Rio Branco e os municípios situados nas regiões do alto e baixo Acre têm sido atingidos por temporais. No domingo, 13, uma forte chuva, acompanhada de ventos de até 80 km/h, fez o nível do rio Acre subir de 1,59 m para 2,70 m em apenas 24 horas. Entretanto, o Coronel Batista esclareceu que a precipitação foi localizada. “Na bacia do Rio Acre, o que nos preocupa são as chuvas intensas, acima de 100 milímetros, que ocorrem em cidades como Xapuri, Brasiléia, Assis Brasil e na comunidade Aldeia dos Patos, na cabeceira do rio. A chuva de ontem acumulou 20,6 milímetros, mas foi apenas um evento local”, afirmou.

FENÔMENO LA NIÑA

O fenômeno La Niña é um evento climático caracterizado pelo resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, especialmente na região central e oriental. Esse fenômeno ocorre como parte do ciclo climático natural conhecido como Oscilação Sul-El Niño (ENSO), sendo o oposto do El Niño, que envolve o aquecimento dessas águas.

A La Niña tem impactos significativos no clima global, afetando padrões de precipitação e temperaturas em várias regiões. No Brasil, seus efeitos variam conforme a região. No Norte e Nordeste, por exemplo, costuma trazer chuvas acima da média, enquanto no Sul pode causar estiagens prolongadas. Já na região amazônica e no Acre, o fenômeno pode intensificar a temporada de chuvas, elevando o risco de enchentes.

Esses impactos tornam a La Niña uma preocupação constante para os gestores de desastres naturais, especialmente em áreas sujeitas a inundações, como as bacias hidrográficas.