A deputada federal Socorro Neri irá presidir uma importante audiência pública para debater o papel dos sistemas alimentares contemporâneos na mitigação dos impactos das mudanças climáticas. O evento acontecerá na quinta-feira, 12, às 10h30, anexo II do Senado Federal, em Brasília, como parte do plano de trabalho da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC).
O debate conta com a participação de diversos setores diretamente envolvidos nesse tema da agenda global. O foco será analisar as maneiras de produzir, distribuir, comercializar e consumir alimentos, buscando alternativas para reduzir os impactos ambientais, especialmente em relação à agricultura e à pecuária.
Em 2022, as mudanças no uso da terra responderam por 48% das emissões de poluentes no Brasil, de acordo com dados apresentados. Quando somadas ao desmatamento e às emissões do setor agropecuário, chega-se à conclusão de que 75% das emissões no país vêm da atividade agropecuária.
O que são Sistemas Alimentares Contemporâneos?
Sistemas Alimentares Contemporâneos são ferramentas que trabalham com proteínas alternativas e com a produção sustentável de alimentos para enfrentar os desafios globais relacionados à segurança alimentar e nutrição, desenvolvimento socioeconômico e mitigação dos efeitos da crise climática.
A produção de alimentos requer 4 bilhões de hectares de terra, 3 bilhões dos quais são usados para a agricultura animal – equivalente ao tamanho da China mais a Índia, multiplicado por dois, mais a Indonésia (Ritchie 2021). De todas as terras livres de gelo, 26% são usadas para pastagem e 33% das terras aráveis do planeta, para a produção de forragem. Mais de dois terços das terras agrícolas são usados para criar animais.
Priorizar a produção de feijões, leguminosas e grãos para consumo humano pode ajudar a otimizar o uso da terra. Esta abordagem visa maximizar a eficiência da produção de alimentos enquanto minimiza a degradação ambiental.
Ainda nas estratégias de mitigação climática, encontra-se a pauta de descarbonização. O sexto relatório de avaliação do IPCC (2021) chama por uma descarbonização em todos os setores, incluindo os sistemas alimentares. Segundo relatório do Boston Consulting Group, se as proteínas alternativas representassem 11% de todo o consumo de proteínas até 2035, podemos reduzir 0,85 gigatoneladas de CO2 equivalente (CO2e) em todo o mundo até 2030, o que equivale à descarbonização de 95% da indústria da aviação.
Corroborando o argumento, estudo recente do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e da Universidade de Brasília enfatiza a eficácia das proteínas vegetais para reduzir impactos ambientais agropecuários, gerando mais impactos positivos e menos negativos em emissões de GEE, e atendendo à demanda futura com menores impactos ambientais líquidos. Essa opção de uso do solo garante adicionalidade, reduzindo emissões de GEE comparadas à linha de base atual.