Leandro Domingos alerta para prejuízo de R$ 117 bilhões no varejo causado por jogos de azar

A rápida expansão das apostas on-line no Brasil já está impactando negativamente o setor varejista, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A projeção de crescimento do comércio para 2024 foi revisada de 2,2% para 2,1%, com uma estimativa de perdas anuais de até R$ 117 bilhões devido ao redirecionamento do consumo das famílias para cassinos on-line e outros jogos de azar.

Segundo o presidente do sistema Fecomércio-Sesc-Senac Acre e vice-presidente financeiro da CNC, Leandro Domingos Texeira Pinto, o aumento das apostas compromete o poder de compra das famílias, o que reflete diretamente no desempenho do comércio. “O crescimento do volume de apostas está diretamente ligado à perda de poder de compra das famílias, o que afeta toda a economia e o desenvolvimento do país”, alerta Leandro Domingos.

O estudo revela que 22% da renda das famílias brasileiras foi destinada a apostas no último ano, Isso acaba contribuindo para uma série de impactos econômicos e sociais, incluindo o aumento da inadimplência. Segungo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, Cerca de 1,3 milhão de brasileiros estão com dívidas atrasadas, por conta dos gastos com cassinos on-line, onde muitos acabam utilizando de forma descontrolada o cartão de crédito, agravando o cenário econômico, especialmente entre os jovens e a população de baixa renda. “A situação é especialmente grave entre essas faixas. O que começa como entretenimento compromete uma parte significativa do orçamento familiar, levando à inadimplência e à redução no consumo de itens essenciais”, explica Felipe Tavares.

O mercado de apostas on-line no Brasil tem apresentado um crescimento expressivo desde a aprovação da Lei nº 13.756, em 2018, que legalizou as apostas esportivas no país. Entre junho de 2023 e junho de 2024, os brasileiros desembolsaram R$ 68,2 bilhões em apostas, valor que já equivale a 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Esse desvio da renda familiar para os cassinos virtuais tem levantado preocupações entre especialistas, principalmente em razão da ausência de regulamentação robusta.

Certas modalidades de jogos, como o popular “Jogo do Tigrinho”, têm atraído de forma especial o público feminino, muitas vezes composto por beneficiárias de programas sociais. “Isso pode agravar o ciclo de pobreza, já que uma parcela significativa da renda é direcionada para apostas, ao invés de necessidades básicas”, alerta o economista Tavares.

Enquanto as preocupações com os cassinos on-line aumentam, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) propõe a regulamentação dos cassinos físicos no Brasil como uma solução mais sustentável para impulsionar a economia. De acordo com o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros , a legalização dos cassinos físicos teria o potencial de gerar até 1 milhão de empregos, entre diretos e indiretos, além de uma arrecadação anual de R$ 22 bilhões para os cofres públicos. “A regulamentação dos cassinos físicos não só estimularia o turismo, como também promoveria o desenvolvimento econômico de maneira mais saudável, ao contrário dos cassinos on-line, que têm drenado a renda das famílias”, finalizou Tadros.