Pai de jovem que morreu no PS diz que médico chegou depois que o filho já estava morto

O enfermeiro Raimundo Rodrigues Lyra, pai do jovem Lucas Amaral Lyra, de 22 anos, que faleceu na madrugada desta sexta-feira, 16, no Pronto-Socorro de Rio Branco, questiona a versão oficial da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), de que foram realizados todos os esforços para garantir a melhor assistência ao seu filho. A nota foi divulgada no sábado, 17.

Raimundo relata que, após a transferência de Lucas da UTI para a enfermaria, seu estado piorou. Ele descreve que o filho apresentou espasmos musculares intensos, sudorese e inchaço na cabeça, condições que teriam sido desconsideradas como normais pela equipe médica. Raimundo afirma que a falta de um monitor adequado e a ausência de um neurologista contribuíram para o agravamento do quadro do jovem.

Ele acusa a equipe de não fornecer assistência adequada e de realizar apenas uma ‘encenação’ de reanimação após a morte de Lucas.

“Não tinha sequer um monitor pra ver os sinais vitais dele. Perguntei à enfermeira sobre o médico, queria um neurologista pra avaliar meu filho, ele não tá bem. Porém, ela disse que iria continuar aplicando os medicamentos que foram prescritos. E eu, pelo fato do cansaço, da correria, acho que fui omisso também, porque não era pra ter aceitado meu filho ficar ali [na enfermaria]. Ele passou a noite agonizando”, disse Lyra.

O enfermeiro disse que o excesso de cansaço fez com que ele dormisse, ou como relatou teve um ‘apagão’.

“Quando dei um apagão, que eu enterrei dos pés, meu filho estava morto. Deu aquele pânico, eu me sentei na cadeira. Quando eu me sento na cadeira, chega o médico perguntando como meu filho estava. Eu questionei: se o senhor estivesse de plantão saberia. Perguntei: o senhor tá chegando ou tá saindo? O senhor tá chegando e ele tá morto. Meu filho está morto. Meu filho morreu sem assistência. Isso é uma imprudência de vocês. Ele fez aquele auê, chamou lá o pessoal para reanimar o Lucas, mas era só uma encenação para dizer que deram assistência para o meu filho. Acredito que eles nem sabiam a hora que ele morreu, já estava frio, já não tinha mais sinais vitais”, desabafou.

Alderisa Amaral Macedo, prima de Lucas, que já havia se manifestado sobre o cuidado que o jovem teve no PS, também questionou a nota da Sesacre.

“Eu gostaria muito de, em vez de ter gravado um vídeo de desabafo, ter gravado um vídeo dizendo que o Lucas, veio a óbito no PS, após vários dias internado na UTI, tendo recebido todos os cuidados, mas infelizmente, não foi assim. Eu discordo da nota da Sesacre, quando diz que ele foi bem assistido. Ele não foi bem assistido. O Lucas teve várias crises que não foram compensadas, depois que foi feito o desmame da sedação, porque durante vários dias após a cirurgia, ele ficou em coma induzido. Quando era solicitada ajuda, eles falavam que as crises eram normais. Queremos que outras pessoas não venham a passar pelo que o meu primo passou. Nenhum médico esteve lá para receber o Lucas e avaliar se ele realmente estava em estado de permanecer na enfermaria do Pronto-Socorro”, contestou.