Foram mais de duas semanas de angústia da família de Lucas Amaral Lyra, de 22 anos, que sofreu um grave acidente de moto no dia 27 de julho, no quilômetro 17, da estrada de Brasiléia. O jovem que estava lutando pela vida no leito 2 da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro de Rio Branco, e que foi transferido para a enfermaria do hospital, faleceu na madrugada desta sexta-feira, 16.
Alderisa Amaral Macedo, prima de Lucas, fez um vídeo no cemitério de Brasiléia denunciando a direção do Pronto-Socorro.
“Eu tô fazendo esse vídeo aqui no cemitério, onde eu vou enterrar o meu primo. Mas na segunda-feira, 12, eu saí daqui cedinho para ir à Capital saber da situação do meu primo. Conversei com o senhor Lourenço [diretor do PS], que como ele mesmo disse: “Estou como diretor do Pronto-Socorro”, que eles não tirassem meu primo da UTI, porque eu sabia que não podia, que era cedo demais. Sabia que ele não iria resistir! E o senhor Lourenço me tratou de forma arrogante, zombou de mim por ser apenas uma estudante de Medicina. Mas eu não fui como estudante, fui com toda a humildade, pedir pra não tirarem meu primo da UTI”, desabafou.
Ela disse que o primo desceu para a UTI na quinta-feira, 15, para morrer nesta madrugada na enfermaria.
“Ontem, às 18 horas, meu primo desceu da UTI pra morrer nessa madrugada numa enfermaria, onde não tinha nem sequer um monitor. Então esse vídeo é pra demonstrar a minha indignação com o sistema desumano da Saúde do Acre. O caso dele era grave?! Sim, era grave. A vontade de Deus se cumpriu, talvez. Mas eu sei que estivemos nas visitas com o pai, mãe e a irmã dele. Sabemos o que Lucas estava passando neste
sistema desumano que é o PS. Eu espero que o senhor diretor do hospital não dependa desse sistema! Que um dia o senhor não esteja no lugar da nossa família”.
Arleide Ferreira de Amaral, mãe de Lucas, que é médica e que trabalha no município de Cacoal, em Rondônia, fez um desabafo antes da morte do filho, ainda quando ele estava na UTI.
“Queremos saber o que realmente o meu filho tem, quantas crises ele teve, quantas convulsões ele teve, se teve, se não teve, se isso foi comunicado ao neurologista, se está escrito em prontuário. Gente, todos nós somos amor de alguém, temos que ter amor pelo próximo! Isso não pode acontecer, eu não entendo isso. Quando ele está em crise, dizem que isso é normal pelo caso dele. Lucas está tendo crises em cima de crises. Foi meia hora ele tendo crise, isso mata a pessoa. Não quero que meu filho morra na UTI do Pronto-Socorro de Rio Branco”.
O NH tentou contato com o diretor do Pronto-Socorro, Lourenço Vasconcelos (via chamada e mensagem de texto pelo Whatsapp), porém até o fechamento da matéria não obteve resposta do gestor. O espaço fica aberta para possíveis esclarecimentos da direção da unidade hospitalar.